Por Valor Economico
Com o objetivo de manter a operação brasileira no grupo das 10 maiores afiliadas no mundo, a Abbott acelerou o ritmo de lançamentos no país e tem buscado maior aproximação com o consumidor. No ano passado, elevou a sete o número de novos produtos introduzidos no mercado brasileiro, contra uma média de um ou dois por ano entre 2012 e 2016. Em 2018, a intenção é repetir esse desempenho e, a partir de 2020, lançar anualmente pelo menos 10 produtos e tecnologias, disse ao Valor o gerente geral da Abbott Brasil, Juan Carlos Gaona.
Essa performance será possível graças também ao investimento de R$ 20 milhões em um centro de desenvolvimento farmacêutico no Rio de Janeiro, junto à fábrica de Jacarepaguá. Inaugurado em 2016, o centro, onde a companhia se dedica ao desenvolvimento de produtos adequados às necessidades locais e produz dossiês que serão submetidos à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), deve chegar à plena operação em 2020.
As áreas de saúde mental, cardiologia, ginecologia, gastroenterologia e de doenças respiratórias estão no foco da operação local. "Esperamos ver um progresso interessante de lançamentos em 2018. O mercado de saúde passa por uma dinâmica não muito positiva, mas é resiliente", disse Gaona.
Neste momento, embora o mercado não demonstre o mesmo vigor de anos anteriores, sentindo com algum atraso os efeitos da crise econômica, a operação local da Abbott segue registrando vendas acima do projetado, com o desempenho melhor do que o previsto de produtos lançados recentemente -- em 2017, por exemplo, a empresa lançou no país a primeira lactase mastigável para pessoas com intolerância à lactose (LacLev).
Em maio, enquanto o mercado farmacêutico nacional cresceu 6,9% em reais, as vendas do laboratório americano subiram 8,5% na comparação anual. Para o ano, a expectativa é de crescimento de 9% a 10% do mercado, já que o desempenho no mês passado parece ter sido pontual e não indicativo de uma tendência, na avaliação do executivo. Na companhia, as vendas de medicamentos devem crescer acima desse percentual.
As receitas da Abbott no Brasil, que no ano passado totalizaram R$ 1,7 bilhão, estão distribuídas de maneira equilibrada em quatro áreas de negócio: farmacêutica, nutrição, diagnósticos e dispositivos médicos. No mundo, as vendas da unidade Farma estão restritas aos mercados emergentes, que têm peso relevante nos negócios internacionais. Da receita global de US$ 27,4 bilhões no ano passado, 65% vieram de mercados fora dos Estados Unidos -- a companhia passou por uma profunda transformação em 2012, com a separação do negócio de pesquisa e desenvolvimento de medicamentos, em uma nova empresa, a AbbVie.
Além do investimento direto no país, a operação local da Abbott cresceu na esteira de duas aquisições globais anunciadas entre o fim de 2016 e o ano passado. A primeira foi a da St. Jude Medical, que opera uma fábrica de última geração de válvulas cardíacas em Belo Horizonte (MG), ampliando o portfólio de dispositivos médicos da companhia, que já era líder em stents farmacológicos (usados para desobstrução de artérias) e tinha presença relevante em cuidados para diabetes.
A aquisição, conforme Gaona, ajudou a afiliada brasileira a avançar no ranking global da Abbott, já que a St. Jude tem peso relevante no Brasil. Em outubro, a companhia concluiu ainda a compra da Alere, que a levou para o topo no mercado global de testes de diagnósticos rápidos, um dos negócios que mais cresce na área de diagnósticos in vitro.
Do lado do relacionamento com pacientes, a Abbott mantém no Brasil um programa de relacionamento que vai além da concessão de descontos e inspirou uma iniciativa global, prestes a ser lançada pela farmacêutica americana. Chamado "Abrace a Vida", o programa tem cerca de 1 milhão de pacientes ativos e foi o ponto de partida para desenvolvimento do "a:care", plataforma mundial que será lançada em outubro. Além de possibilitar descontos em medicamentos e suplementos, o programa coloca à disposição informações adicionais de tratamento e permite seu monitoramento.
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