Nova unidade de produção de medicamentos injetáveis vai criar 80 postos de trabalho. Laboratório apostou em Portugal na década de 1980 e está a expandir a fábrica
ANA SOFIA SANTOS
Expresso
Olaboratório Hikma Pharmaceuticals investiu 30 milhões de euros numa nova unidade de produção de medicamentos estéreis injetáveis, expandindo a atual fábrica existente em Sintra.
São mais 9 mil metros quadrados que possibilitam acrescentar quatro unidades de liofilização de alta tecnologia às seis já em operação na unidade industrial que a companhia tem em Portugal desde a década de 1980. Este investimento permitirá a criação de mais 80 novos postos de trabalho, que se somam às cerca de sete centenas de empregados da multinacional Hikma em Portugal.
Com o objetivo de reduzir a sua pegada ambiental e o consumo de energia, a Hikma está a recorrer a painéis solares que, numa fase inicial, irão fornecer até 7% das necessidades de energia da fábrica. As obras foram concluídas recentemente.
Fundada em 1978 na Jordânia e com sede no Reino Unido, a Hikma é uma empresa de medicamentos genéricos, especialista em produtos farmacêuticos estéreis, suspensos e injetáveis liofilizados. Muitos produtos injetáveis são instáveis na forma líquida e, por isso, a sua liofilização é necessária. Trata-se de um processo que requer muita especialização e, em Portugal, a farmacêutica agrega as competências e tecnologia necessárias para dar cartas neste nicho de mercado, faz notar a Hikma. O portfólio da companhia inclui fármacos oncológicos, anti-infecciosos, como antibióticos, medicamentos para a dor, bem como para patologias do sistema nervoso central.
Os produtos fabricados em Sintra servem para tratar uma ampla variedade de condições e, muitos deles, são relativamente escassos devido ao seu complexo processo de fabrico, não obstante terem uma grande procura mundial, segundo indicação da Hikma.
Injetáveis são “elemento diferenciador” nos genéricos
Mas o mercado dos genéricos é altamente competitivo e feito de preços baixos. A este respeito, Riad Mishlawi, presidente para a área de injetáveis da Hikma Pharmaceuticals e membro do conselho executivo da companhia, explica ao Expresso que a aposta nos injetáveis “constitui um elemento diferenciador chave”.
“É uma área que representa um desafio, na qual procuramos desenvolver e manter um processo de fabrico fiável e de elevada qualidade. A Hikma é uma das poucas empresas farmacêuticas globais com recursos avançados para a produção de medicamentos injetáveis estéreis com estas dimensões e a esta escala, tendo um dos melhores registos de qualidade e de fornecimento fiável e permanente destes medicamentos”, explica o responsável. E frisa que “a qualidade é a base do nosso negócio e tem ajudado a diferenciar a Hikma dos nossos concorrentes”.
Neste campo dos injetáveis, a fábrica portuguesa é das mais avançadas tecnologicamente e maiores no universo industrial da companhia que tem 29 unidades de produção (de vários tipos de remédios genéricos de marca e sem ser de marca) espalhadas pelo mundo.
Riad Mishlawi reconhece, mesmo assim, que a ‘guerra’ de preços não só em Portugal, como a nível geral na Europa, “apresenta desafios”. Aos quais a Hikma tem respondido “encontrando formas de ser eficiente, de modo a oferecer preços competitivos, mantendo os mais elevados padrões de qualidade”.
Sobre se Portugal é amigo ou não do investimento estrangeiro, Riad Mishlawi diz que, no caso da Hikma, “é um país propício ao desenvolvimento de negócios, tendo em conta a sua proximidade aos nossos principais mercados e o acesso a mão-de-obra qualificada”. Além disso, o gestor frisa que é um país que facilmente é escolhido “tanto para a realização de encontros de negócios como para transferências internas – adoram vir a Portugal”.
O Expresso falou em exclusivo com Riad Mishlawi e na edição impressa, que estará amanhã nas bancas, pode ler mais sobre a aposta da Hikma em Portugal.
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