Farmácias ampliam oferta de serviços

Farmacêuticos também passam a prescrever medicamentos isentos de receitas médicas

por Albenío Fonseca

Na expectativa de que, até o final do ano, a Anvisa-Agência Nacional de Vigilância Sanitária divulgue portaria regulamentando a adequação do setor farmacêutico para oferta de novos serviços, muitas redes de farmácias já vêm oferecendo medição de pressão,vacinação, monitoramento de glicemia, aplicação de injeções, acompanhamento de pacientes hipertensos e diabéticos, além de atendimentos clínicos. Nesse último caso, com orientações e prescrições de medicamentos isentos de receitas médicas.

De todo modo, a Anvisa levou a RDC-Resolução de Diretoria do Colegiado a nova consulta pública que já deverá estar concluída até dezembro.

As informações são do presidente do CRF-Conselho Regional de Farmácia, Mário Martinelli. Ele ressalta que “o setor já dispõe de base legal para atuação sob este novo conceito de farmácia, com a Lei federal nº 13.021, de 2014.

A legislação converteu as farmácias em “unidades prestadoras de serviços farmacêuticos e assistência à saúde”, deixando de serem meros estabelecimentos comerciais para a venda de medicamentos.

Segundo ele, “a crise econômica que atinge toda a cadeia produtiva do País, no que tange ao setor farmacêutico, tem afetado apenas alguns empreendimentos individuais, mas não às grandes redes e grupos associativos que continuam a expandir o negócio com abertura de novas lojas, principalmente no interior do estado”.

Martinelli destaca o fato de que até o ano 2000 havia apenas um curso superior de Farmácia na Bahia, oferecido pela UFBA, o que tem levado o setor a importar farmacêuticos de outros estados.

Segundo fez ver, “somente a partir de 2007 houve aumento na oferta de cursos com a profusão de universidades particulares, mas muitos ainda não concluíram o curso, o que tem determinado uma grande carência de profissionais para o setor”.

Ele sinaliza a expansão do mercado com o advento das farmácias hospitalares, públicas e privadas; farmácias de manipulação e as de estética, regulamentadas nos últimos três anos.

O presidente do CRF considera que “a prescrição de medicamentos pelos farmacêuticos, sem afetar o exercício específico dos médicos, deverá reduzir a crescente automedicação no País”.

Caso em que menciona o “uso indiscriminado do Paracetamol, como responsável por 32% dos casos de intoxicação medicamentosa no Brasil. O remédio tem sido adotado por consumidores no combate a dores e no auxílio aos tratamentos de Dengue, Zica e Chicunkunya, acarretando efeitos colaterais como inflação hepática, seja pela agressão dos vetores daquelas endemias seja pela própria medicação”.

Ele salienta as exigências rigorosas para abertura de farmácias e o fato de que nos últimos dez anos houve uma significativa otimização do comércio farmacêutico, com profissionais presentes, ambientes mais limpos, organizados e climatizados em várias unidades.

Venda de genéricos alcança R$ 7,7 bi

Embora a legalização da ampliação dos serviços date de 2014, muitas farmácias exorbitaram na oferta de produtos não pertinentes à saúde, o que gerou ação da Anvisa, “visando assegurar a manutenção da qualidade e segurança dos produtos disponibilizados e dos serviços prestados em farmácias e drogarias”.

Conforme nota, a Anvisa pretende “promover o uso racional de medicamentos e resgatar o direito à informação ao cidadão por profissionais habilitados e qualificados, bem como reduzir a automedicação e o uso abusivo de medicamentos”.

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Segundo o órgão, “é válido lembrar que o direito de escolha do usuário permanece e que as informações prestadas pelos profissionais farmacêuticos quanto ao uso adequado dos medicamentos durante a atenção farmacêutica irão trazer benefícios aos usuários de medicamentos”.

Ainda sob pouca adesão, Mário Martinelli cita as “redes Pague Menos e Santana, inclusive no interior”, como as que já passaram a oferecer o atendimento ampliado com farmacêuticos orientando e prescrevendo medicamentos isentos de receita e os demais serviços.

Segundo ele, “como diversas unidades já dispõem de equipamento para refrigeração da insulina, por exemplo, não haverá dificuldades em estocar vacinas”.

Na Bahia, de acordo com o presidente do CRF, existem 4.250 lojas, das quais 3.200 farmácias propriamente ditas e 1.050 que atuam também como laboratórios, dentro das novas vertentes do negócio.

Em Salvador, são 514 farmácias. No que se refere à venda dos medicamentos, ele citou dados da Abradilan, associação de distribuidoras de medicamentos, revelando que no primeiro semestre desse ano a comercialização de genéricos alcançou faturamento de R$ 7,7 bilhões.

A venda dos genéricos obteve crescimento de 12,6%, em unidades, no acumulado de 12 meses até setembro deste ano, em comparação com igual período de 2015, aponta o IMS Health.

Em faturamento, a alta no período foi de 16,35%. Apesar da expectativa de que a expansão do segmento se desacelere à medida que se consolida, os genéricos mantiveram seu crescimento acima da média das demais categorias do setor.

Conforme Pedro Bernardo, diretor da Interfarma, associação que reúne farmacêuticas, “a quebra de algumas patentes importantes para o mercado é relativamente recente, ainda existe espaço para crescimento”, assegura. No mesmo período, “o volume de remédios de referência comercializados permaneceu estável, com aumento de 0,5%, e crescimento de 2,9% no total de similares vendidos”.

Pequenas adotam associativismo como estratégia

De acordo com o farmacêutico e proprietário da Farmácia Galênica, da rede Multimais, Luis Trindade, “temos enfrentado dificuldades decorrentes da crise econômica o que já nos levou a demitir três dos seis empregados e, com isso, tenho assumido a cobertura dos plantões”.

Ele disse não ter visto, ainda, a resolução da Anvisa. Informou que “os pequenos empresários do setor têm buscado integrar-se às redes associativistas como estratégia de sobrevivência, porque sozinhos não há como resistir às grandes redes”.

Também vice-presidente do Sincofarma-Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos, Trindade considera que “esse segmento do setor farmacêutico tem buscado dinamizar a comercialização com a promoção de descontos e na qualificação dos empregados, tanto visando um melhor atendimento aos consumidores quanto a um maior conhecimento dos medicamentos”.

Ele assegura que “os genéricos compõem a maior parte do faturamento”, mas lamentou existirem “poucos convênios junto a grupos industriais na Bahia para fornecimento de medicações aos funcionários, ao contrário de estados como Minas, Rio de Janeiro e São Paulo”, como forma de ampliar a carteira de clientes.

Conforme Trindade, “a Bahia representa 6% do faturamento do setor em âmbito nacional”. Entre as associativistas, além da Multimais, que é a “maior do Norte e Nordeste”, citou as RedMed e Boafarma. Nos dados de que dispõe, existem 900 farmácias entre Salvador e Região Metropolitana e chegaria a 6 mil pontos de venda, com 30 mil empregados, em todo o estado.

A Galênica, segundo ele, ainda não está adaptada para passar a atender os novos serviços que ampliam o status do mercado farmacêutico.

Fonte: Site Tribuna da Bahia

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