guvendemir/iStockImagem: guvendemir/iStock

Robert Langreth

As empresas farmacêuticas sempre tentaram tratar o mal de Alzheimer visando um composto no cérebro conhecido como beta-amiloide. E sempre fracassaram.

Nesta semana, a Biogen e a Eisai se juntaram às fileiras de empresas frustradas que passaram anos trabalhando em tratamentos caros e experimentais que não deram os resultados esperados. Muitos cientistas e desenvolvedores de medicamentos agora estão perguntando se não seria o momento de buscar outra abordagem para tratar a enfermidade de perda da memória.

O cérebro tem sido uma caixa preta para os desenvolvedores de medicamentos, mas o foco no beta-amiloide foi considerado durante muito tempo a melhor esperança para tratar a doença misteriosa que afeta milhões de americanos e suas famílias. Para muitos, a hipótese tornou-se uma questão de fé, o que motivou que bilhões de dólares fossem gastos em pesquisa e na realização de testes clínicos com milhares de pacientes.

“Já não é mais ciência”, disse George Perry, professor de biologia da Universidade do Texas em San Antonio e crítico de longa data da teoria do amiloide. “Isso se transformou em uma religião.”

A Biogen e a Eisai vão descontinuar dois ensaios de fase final destinados a avaliar a eficácia e a segurança do medicamento aducanumab, que custou a elas mais de US$ 830 milhões nos últimos três anos. Os resultados mostraram que é pouco provável que o medicamento ajude os pacientes, afirmaram as empresas em comunicado, e a decisão não está relacionada a questões de segurança.

As empresas afirmaram que continuariam trabalhando juntas em outros tratamentos de Alzheimer.


‘Sem desculpas’

O beta-amiloide é uma proteína que se acumula no cérebro e, em pessoas com Alzheimer, aglomera-se em placas. As farmacêuticas têm trabalhado com a ideia de que, ao eliminar o beta-amiloide com drogas, seria possível deter a enfermidade. Mas ainda não se sabe se a proteína é a causa do mal de Alzheimer, ou apenas uma memória neurológica dos danos já causados.

O fracasso mais recente, após medicamentos experimentais similares com beta-amiloides da Merck & Co., da Eli Lilly & Co. e da Pfizer em testes de grande escala, levou os cientistas a questionarem se o foco insistente em atacar a proteína não impediu o investimento para testar medicamentos contra outros possíveis alvos do Alzheimer. De qualquer modo, os pesquisadores pensavam que talvez o composto da Biogen pudesse ser diferente dos fracassos anteriores.

Cada vez que uma medicação antiamiloide fracassa, a teoria muda, disse Perry. Os defensores argumentam que o medicamento que não funcionou não atingia a forma correta do amiloide ou não foi provado em pacientes em etapas suficientemente iniciais da doença.

“Estamos ficando sem desculpas” para explicar por que os tratamentos com beta-amiloide não estão funcionando, disse Zaven Khachaturian, chefe de redação da revista médica Alzheimer & Dementia. O campo ficou tão concentrado no amiloide que é difícil mudar, disse ele, mas os laboratórios “continuam tentando, na esperança de que o caminho que estão transitando leve a medicamentos de sucesso”.

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