healthcare-management-7-1.jpeg?width=600

Estima-se que 12% a 18% das contas hospitalares apresentam itens indevidos e até 40% dos exames laboratoriais são dispensáveis

Por Giovanna Grepi

Grupo Mídia

Atualmente, o modelo de remuneração de grande parte dos estabelecimentos e dos profissionais de saúde é baseado na quantidade e no valor dos procedimentos realizados – o chamado modelo “fee-for-service”. E isso afeta diretamente na alta dos custos dos planos de saúde individuais e coletivos. A situação é agravada pela solicitação de serviços considerados desnecessários. Estima-se que 12% a 18% das contas hospitalares apresentam itens indevidos e até 40% dos exames laboratoriais são dispensáveis. Os gastos com pedidos desse tipo de exames chegaram a R$ 10,1 bilhões, em 2015, segundo a Associação Brasileira de Planos de Saúde, a Abramge.

O fee-for-service é utilizado no Brasil há décadas. Tudo o que é utilizado nos atendimentos, incluindo materiais e recursos humanos, é listado em uma fatura detalhada. A remuneração de cada serviço, como consulta, internação e exames é feita com base em uma tabela de valores pré-definidos que, quando fechada, é enviada à operadora de saúde, responsável pelo pagamento.

style="display:block; text-align:center;" data-ad-layout="in-article" data-ad-format="fluid" data-ad-client="ca-pub-6652631670584205" data-ad-slot="1871484486">

Os valores praticados para os mesmos tipos de procedimento costumam variar de acordo com o prestador de serviço acionado. Nesse modelo, remunera-se a quantidade, não a qualidade. Para o Gerente Executivo de Saúde e Segurança na Indústria do SESI, Emmanuel Lacerda, esse não é o melhor método de remuneração. “Utilizar o plano de saúde, financiar esse sistema não necessariamente está representando saúde. O que nós vemos é um excesso de utilização, muito desperdício, questões relacionadas também a fraudes, e a gente vê no noticiário a todo momento, e que são ralos do sistema também que faz com que impulsione o aumento dos custos”, afirma.

Muitos profissionais da saúde trabalham em mais de um hospital e realizam atendimento a vários pacientes por hora para compensar a baixa remuneração, além de solicitar exames em excesso. O paciente é atendido, o médico pede alguns exames, recomenda o uso de medicamentos, interna o paciente, e no final manda a conta para o convênio, no sistema “conta aberta”.

Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), os gastos dos planos de saúde para contraprestações para seus contratantes em 2008 foram de R$ 60,4 bilhões. Em 2017, esse valor praticamente triplicou. O gasto registrado foi de R$ 179 bilhões. E a tendência é que o valor seja ainda maior em 2018. No primeiro trimestre deste ano, o gasto foi de R$ 45 bilhões. Se a média continuar assim até o fim do ano, a previsão de gastos é superior a R$ 182 bilhões. O presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Luiz Edmundo Rosa, destaca que há desperdícios nos procedimentos médicos custeado por planos de saúde.

style="display:block; text-align:center;" data-ad-layout="in-article" data-ad-format="fluid" data-ad-client="ca-pub-6652631670584205" data-ad-slot="1871484486">

“Existem, ao mesmo tempo, um desperdício muito grande, porque pessoas fazem mais exames do que precisam. Hoje, o maior campeão do mundo em ressonâncias magnéticas, por exemplo, que é caro, e que nos últimos quatro anos, de 2012 até 2016, que são os dados disponíveis hoje para nós, cresceram quase 100% com o mesmo número de usuários. Ou seja, não há justificativa”, defende.

Diante disso, existe a necessidade de uma reflexão sobre o formato de remuneração em algumas áreas do setor da saúde onde os resultados e a qualidade dos serviços prestados se sobressaiam ao volume. Isso pode ser alcançado com a adoção de mecanismos de pagamentos que estimulem a prestação dos serviços de forma eficaz, que reduzam os custos e aumentem a produtividade do setor. A aposentada Luiza Gomes Camelo, 71 anos, possui plano de saúde. A moradora de Brasília questiona o grande número de exames a que é submetida durante as consultas. “Muitas vezes vou me consultar e o médico passa uma série de exames. É bem comum ele indicar algum lugar para realizar o procedimento e raras são as vezes que eles detalham a necessidade dos procedimentos”, afirma.

style="display:block; text-align:center;" data-ad-layout="in-article" data-ad-format="fluid" data-ad-client="ca-pub-6652631670584205" data-ad-slot="1871484486">
Enviar-me um e-mail quando as pessoas deixarem os seus comentários –

DikaJob de

Para adicionar comentários, você deve ser membro de DikaJob.

Join DikaJob

Faça seu post no DikaJob