A investigação da Polícia Civil revelou a criação de toda uma cadeia logística que mesclava as atividades da organização dentro do poder público com os negócios do grupo ligados ao tráfico de drogas.
Na primeira fase da Operação Soldi Sporchi, os agentes descobriram que Gordo havia adquirido, em 2009, o controle de uma indústria química para ter acesso a insumos necessários para batizar a cocaína distribuída no Estado. Assim, o criminoso conseguiria desviar lidocaína e cafeína sem despertar a suspeita da polícia.
Ao assumir o controle do setor de saúde da cidade, a organização criminosa, segundo o delegado, manteve "o mesmo modus operandi". Mas a diferença, "é que, em vez de adquirir o controle de uma indústria química, hoje Anderson (Gordo) assumiu o controle de unidades de saúde e de todo o serviço público de um município inteiro".
Desta forma, conforme revela a investigação da polícia, o bandido comprava medicamentos como morfina e opioides (drogas com efeito analgésico semelhante ao do ópio) em grande quantidade e com o prazo de validade próximo do vencimento.
Pagava-se mais barato e deixava-se a droga vencer. O remédio com o prazo vencido se tornava lixo hospitalar e, assim, devia ser descartado. Mas, em vez de ser colocado pelos administradores do hospital e do posto em sacos habitualmente destinados ao lixo hospitalar, os remédios eram colocados em sacos de lixo comum - que, por sua vez, eram recolhidos pelos caminhões da coleta de lixo dominada pelo traficante de drogas. Com isso, em vez de ir para um aterro sanitário, o material era recuperado pelos criminosos para ser misturado com cocaína trazida da Bolívia e do Peru.
Os investigadores apreenderam com um dos acusados uma receita com instruções sobre como misturar as substâncias para batizar a cocaína e, dessa forma, aumentar o seu peso e, portanto, o lucro.
Com essa manobra, nos pontos de venda da droga só 20% do total entregue aos usuários era de cocaína. Além de morfina, os investigadores detectaram o desvio do remédio Fentanest, feito com o opioide cloridrato de fentanila, além de outros medicamentos misturados ao entorpecente.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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