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Exame

Jornalista: José Alberto Gonçalves Pereira

11/11/19 - Destino adequado das embalagens de medicamentos tornou-se nos últimos anos um dos principais desafios para a política de sustentabilidade das companhias farmacêuticas. É fácil enviar à coleta seletiva bulas e caixas de papel, chamadas de embalagens secundárias. Mais difícil para o consumidor é saber o que fazer com as embalagens primárias, como frascos, carteias e tubos que têm contato direto com o composto químico contaminante (sobras ou remédios vencidos). Para atacar esse problema, o laboratório Eurofarma iniciou em 2010 uma parceria com o grupo varejista Pão de Açúcar para a coleta de medicamentos usados e com validade vencida. Trata-se de uma coleta especial, que envia agulhas, ampolas e seringas para descontaminação antes de encaminhá--las ao aterro sanitário, além de destinar frascos e carteias com sobras de medicamentos à incineração.

Sem abandonar seu programa de coleta, a Eurofarma iniciou em 2018 um projeto ainda mais ambicioso, o da linha +Verde, que apresenta instruções na parte interna da caixa do medicamento para o consumidor descontaminar os recipientes dos fármacos em sua residência. Descontaminados, materiais nobres, como alumínio e PVC, podem ser enviados à coleta seletiva regular de recicláveis. A empresa iniciou esse projeto com seus dois principais produtos, o antibiótico Astro e o contraceptivo Selene. Mais dois produtos +Verde deverão ser lançados até o fim deste ano. Outros três têm lançamento previsto para 2020, incluindo um laxante, cuja bisnaga passará a ser fabricada com plástico verde da Braskem (provavelmente à base de cana-de-açúcar).


No ano passado, mais de 5,4 milhões de embalagens com o selo +Verde chegaram ao mercado. “A mudança de hábito não será uma coisa simples e a adesão vai começar pequena”, diz Maria Del Pilar Munoz, vice-presidente de sustentabilidade e novos negócios da Eurofarma. “Mas, uma vez que o consumidor comece a mudar, ele não voltará mais ao hábito anterior. O envio de embalagens descontaminadas à coleta seletiva regular tende a diminuir a quantidade de medicamentos mandados para usinas de incineração. Embora ainda seja opção comum no destino de resíduos do setor, a incineração pode causar danos ao meio ambiente e à saúde se houver descuido com a filtração e com a lavagem de gases tóxicos emitidos pelo equipamento. A Eurofarma também vende resíduos perigosos como coprodutos resultantes da produção de medicamentos, poupando o consumo de combustíveis nos fornos das cimenteiras.

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