Eletromicrografia mostra HIV infectando célula humana — Foto: Getty Images via BBC
'Nunca pensei que viveria para ver esse dia'
O vírus da imunodeficiência humana (HIV) afeta o sistema imunológico do corpo. Ele pode levar à Aids (síndrome da imunodeficiência adquirida) e dificultar a defesa do corpo contra infecções.
Em um comunicado, o homem disse: "Quando fui diagnosticado com HIV em 1988, como muitos outros, pensei que era uma sentença de morte. Nunca pensei que viveria para ver o dia em que não tivesse mais HIV."
Ele recebeu o transplante de medula óssea não para tratar o HIV, mas porque desenvolveu leucemia aos 63 anos.
A equipe médica responsável pelo seu tratamento decidiu que ele precisava do transplante para substituir sua medula óssea doente por células normais. Por coincidência, o doador era resistente ao HIV.
O HIV entra nos glóbulos brancos do nosso corpo usando uma porta microscópica – uma proteína chamada CCR5.
No entanto, algumas pessoas, incluindo o doador, têm mutações CCR5 que fecham essa porta e impedem a entrada do vírus.
'Santo Graal'
O paciente foi monitorado de perto após o transplante, e seus níveis de HIV se tornaram indetectáveis em seu corpo e permanecem assim há mais de 17 meses.
"Ficamos entusiasmados em informá-lo que seu HIV está em remissão e que ele não precisa mais tomar a terapia antirretroviral que estava usando há mais de 30 anos", disse Jana Dickter, infectologista do hospital City of Hope.
Primeira vez
A primeira vez em que um caso semelhante aconteceu foi em 2011, quando Timothy Ray Brown – conhecido como o Paciente de Berlim – se tornou a primeira pessoa no mundo a ser curada do HIV.
Outros três casos semelhantes foram registrados nos últimos três anos.
O paciente do City of Hope é a pessoa mais velha e que vive com HIV há mais tempo a ser tratada dessa maneira.
No entanto, os transplantes de medula óssea não vão revolucionar o tratamento para os 38 milhões de pessoas que têm HIV no mundo atualmente.
"É um procedimento complexo com efeitos colaterais significativos. Portanto, não é realmente uma opção adequada para a maioria das pessoas que vivem com HIV", afirmou Dickter.
No entanto, os pesquisadores estão procurando maneiras de atuar sobre a proteína CCR5 usando terapia genética. O caso foi apresentado na conferência Aids 2022, em Montreal, no Canadá. Ao comentar o anúncio, Sharon Lewin, presidente da Sociedade Internacional da Aids, disse: "A cura continua sendo o Santo Graal da pesquisa do HIV".
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