O estímulo controlado para ativar o sistema de defesa é o grande ponto de partida na elaboração de uma vacina. Por causa disso, pesquisadores brasileiros se debruçam sobre estudos das reações de vacinas contra tuberculose, sarampo, rubéola e caxumba para verificar se a aplicação das doses também trazem uma resposta alternativa no combate à pandemia, além de servir como opção para futuras doenças virais.
Assim, foram atualizados, nos últimos dias, os resultados da aplicação da tríplice viral — que previne sarampo, caxumba e rubéola — contra os sintomas da covid-19, reduzidos pelo uso do imunizante. A observação foi que, após dois meses desde o início do estudo, 93% dos vacinados que se infectaram foram assintomáticos. Nas primeiras avaliações, esse índice era 10% menor.
“Isso nos dá uma evidência, ainda longe de ser definitiva, de que essa vacina realmente pode proteger contra a evolução da infecção ou até prevenir a doença”, analisa o coordenador do projeto, o médico Edison Fedrizzi.
Foi possível, ainda, observar resultados animadores quanto à possibilidade de uma diminuição da evolução da agressividade da covid-19 em quem faz uso da vacina. “O caminho é esse: utilizarmos uma vacina conhecida até que se tenha a vacina específica, que não deve chegar ao mercado até o ano que vem”, observa.
Outra potencial candidata que está sendo testada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é a BCG, que previne a tuberculose e é obrigatória, no Brasil, em recém-nascidos desde 1976. Os estudos iniciaram-se esta semana, em aproximadamente três mil profissionais da área saúde no país, que não contraíram a covid-19.
Tanto a tríplice viral, quanto a BCG e a vacina contra poliomielite possuem um efeito em comum: são capazes de estimular o sistema de defesa para produzir elementos necessários de proteção a outras infecções. “Não se trata de produção de anticorpos, mas do que chamamos de imunidade celular. Para isso acontecer, precisa ser uma vacina que contenha micro-organismos atenuados, ou seja, o vírus estaria presente, vivo, mas enfraquecido a ponto de não causar a doença, estimulando a imunidade”, explicou Fedrizzi.
Se comprovada a eficiência, essas vacinas poderiam ser usadas para “aumentar a nossa resistência, nosso sistema de defesa, nos protegendo por um período de seis meses a um ano, justamente para que dê tempo para desenvolver a vacina específica contra a doença”, esclarece Fredrizzi. (BL)
Fonte: Correio Braziliense
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