Imunoterapia renova perspectivas no câncer de bexiga

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Tratamentos que estimulam as defesas naturais do corpo abrem novas possibilidades para o controle de tumores em estágio avançado

Embora ainda pouco divulgado, o câncer de bexiga está entre os tumores que mais acometem os brasileiros. Somente em 2016, foram estimados mais de 9 mil novos casos segundo dados do INCA (Instituto Nacional de Combate ao Câncer)¹. No mundo, são mais de 430 mil casos anualmente.

O carcinoma de células transicionais é o tipo de tumor mais comum, com mais de 90% dos casos segundo o INCA, e afeta as células do tecido interno da bexiga. De acordo com o Dr. André Fay, Chefe do Serviço de Oncologia do Hospital São Lucas da PUCRS, esse tipo de câncer é mais frequente em homens idosos, sendo que o principal fator de risco é o tabagismo, responsável por 65% dos casos².

“É comum associarmos o tabagismo ao câncer de pulmão. O que poucos sabem é que esse hábito aumenta em três vezes a chance de desenvolver um tumor de bexiga” comenta o especialista. “Após inaladas, as substâncias químicas presentes no cigarro entram na corrente sanguínea e são filtradas pelos rins. Quando a urina chega à bexiga, alguns componentes químicos do cigarro ainda estão presentes, contribuindo para danificar as células da região” explica.

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O Dr. Fay destaca ainda que os principais sintomas de alerta são sangue e espuma na urina, dor ao urinar e episódios frequentes de infecção urinária. “É importante salientar que os sintomas do câncer de bexiga podem ser confundidos com outras enfermidades menos graves, por isso todos os sinais de alerta não devem ser ignorados e investigados por um especialista” afirma.

Reativando o sistema imune

Segundo o Dr. André Fay, a maior parte dos pacientes é diagnosticada quando a doença já está localmente avançada, o que traz diversas limitações ao tratamento. “Em tumores de bexiga, a média de idade para o diagnóstico é de 70 anos, faixa etária em que o tratamento tradicional com quimioterapia por vezes não é considerado mais uma opção segura, seja pela idade avançada, ou outras condições clínicas associadas” explica. Nesses casos, o tratamento com imunoterápicos vêm se mostrando uma alternativa promissora. Em linhas gerais, essa vertente de tratamento estimula o próprio sistema imunológico do paciente a atacar as células cancerosas.

Para entender melhor o mecanismo de funcionamento da imunoterapia neste tipo de tumor, é importante saber o papel da proteína PD-L1 nessa história: O ligante PD-L1 está presente na superfície das células cancerosas, e seu papel é inibir as células imunes que atacariam as células tumorais. “Imagine que o tumor é um “soldado”, que libera proteínas, ou ligantes, que se encaixam aos receptores dos linfócitos T – que integram o sistema imune – e impedem que eles iniciem um ataque. A ação dos imunoterápicos bloqueia os ligantes da doença. Consequentemente, o sistema imune se vê livre para começar a combater as células cancerosas” explica o Dr. Fay.

A análise da proteína PD-L1 ajuda os especialistas a identificar quais pacientes podem se beneficiar desse tipo de terapia. Estudos clínicos tem demonstrado que a expressão de PD-L1 pelos tumores de bexiga pode estar associado a um maior benefício clínico dos pacientes³. Nesse contexto, especialistas enxergam com otimismo os desafios para o tratamento do câncer de bexiga. “A última década tem sido a mais promissora em avanços para esse tipo de tumor. Estamos observando ganhos que eram impensáveis algumas décadas atrás, com tratamentos que demonstram maior precisão e eficácia relacionada a uma incidência menor de reações adversas, o que é um ganho importante para o bem-estar do paciente” finaliza o especialista.

Referências:

1.Instituto Nacional de Câncer (INCA)

http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/bexiga <acesso em 05.01.2018>

2.Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP)

http://www.icesp.org.br/sala-de-imprensa/noticias/291-cigarro-e-responsavel-por-65-dos-casos-de-cancer-de-bexiga-em-homens <acesso em 05.01.2018>

3. Powles et al. JAMA Oncol. 2017 Sep 14;3(9):e172411.

Fonte: Assessoria de imprensa

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