Indústria da maconha legal teve ano excepcional em 2018

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Por Gillian Flaccus | Associated Press

PORTLAND (EUA) - O ano que passou foi digno de um brinde de champanhe para a indústria da maconha legal, com o mercado explodindo e a cannabis abrindo ainda mais seu caminho rumo ao "mainstream" financeiro e cultural.

A liberal Califórnia tornou-se o maior mercado legal dos Estados Unidos, com os conservadores Utah e Oklahoma abraçando a maconha medicinal. O Canadá liberou geral e a Suprema Corte do México preparou o caminho para o país fazer o mesmo.

As autoridades que regulam o mercado de medicamentos dos EUA aprovaram o primeiro produto farmacêutico à base de maconha, para o tratamento de crianças com um tipo de epilepsia, e bilhões de dólares foram investidos em companhias que trabalham com a erva. Até grandes marcas como a Coca-Cola disseram que estão pensando em participar da festa.

"Trabalho nisso há décadas e este foi o ano em que o movimento atingiu o auge", disse o deputado Earl Blumenauer, um democrata do Oregon que trabalha para derrubar a proibição federal ao consumo de maconha. "Está claro que isso tudo está atingindo o ápice."

Com o burburinho crescendo no mundo todo, a tendência continuará em 2019. Luxemburgo deverá se tornar o primeiro país europeu a legalizar, em todo o seu parco território, o uso recreativo da maconha, e a África do Sul está se movendo nessa direção. A Tailândia legalizou o uso medicinal da maconha na terça-feira (25), dia de Natal, e outros países do sudeste asiático poderão seguir a Coreia do Sul e legalizar o cannabidiol, ou CDB, um composto não psicoativo encontrado na maconha e no cânhamo, usado no tratamento de certos problemas de saúde.

"Os Estados Unidos não estão sozinhos agora. A coisa está se espalhando", diz Bem Curren, executivo-chefe da Green Bits, uma companhia de San Jose, Califórnia, que desenvolve softwares para comerciantes e empresas que trabalham com a maconha.

A empresa de Curren é uma das muitas surgidas com o crescimento do setor. Ele começou a firma em 2014 com dois amigos. Hoje, ele tem 85 funcionários e os softwares da companhia processam US$ 2,5 bilhões em transações de vendas para mais de 1.000 empresas varejistas e farmácias.

A Green Bits captou US$ 17 milhões em abril, junto a firmas de investimentos que incluem a Casa Verde Capital do rapper Snoop Dogg. Curren espera crescer internacionalmente até 2020. "Grande parte do problema é não ficar para trás no crescimento", diz ele.

Um negócio de bilhões de dólares

A indústria da maconha legal movimentou US$ 10,4 bilhões nos EUA em 2018, com 250 mil empregos dedicados apenas ao manejo das plantas, segundo Beau Whitney, vice-presidente e economista sênior da Ne Frontier Data, uma das maiores firmas de análises de dados e pesquisas de mercado sobre a cannabis. Há muitas outras funções que não envolvem o trabalho direto com as plantas, mas estes são mais difíceis de serem quantificados, segundo Whitney.

Os investidores injetaram US$ 10 bilhões na cannabis na América do Norte em 2018, duas vezes o montante aplicado nos últimos três anos, e o mercado combinado da América do Norte deverá superar os US$ 16 bilhões em 2019.

"Os investidores têm muito mais conhecimento nessa área, há dois anos [por exemplo] você investia dinheiro e esperava que algo acontecesse. Mas agora, os investidores estão muito mais seletivos", afirma Whitney.

Cada vez mais os legisladores americanos prestam atenção a esse sucesso e querem que ele se repita em seus Estados. Quase dois terços dos Estados americanos já legalizaram alguma forma de maconha medicinal.

Em novembro, os eleitores fizeram de Michigan o 10º Estado -- e o primeiro do Meio Oeste americano -- a legalizar o uso recreativo da maconha. Os governadores de Nova York e Nova Jersey tentarão aprovar leis similares em 2019 e cresce a mobilização pela legalização na Pensilvânia e em Illinois. "Vamos legalizar de uma vez por todas o uso recreativo da maconha pelos adultos", disse Andrew Cuomo, governador de Nova York, na semana passada.

Legisladores do Estado de Nebraska acabam de formar um comitê de campanha para apresentar aos eleitores uma iniciativa sobre a cannabis em 2020. Nebraska faz divisa com o Colorado, um dos dois primeiros Estados a legalizar o uso recreativo da maconha, e Iowa, que recentemente iniciou um programa limitado de permissão do uso para fins medicinais.

"As atitudes estão evoluindo e mudando rapidamente. Sei que minha posição em relação a isso também mudou", diz o senador por Nebraska, Adam Morfeld, um democrata. "Ver os benefícios medicinais e ver outros Estados se posicionando me convenceu que ela não é aquela droga perigosa que se quer fazer crer."

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Instituições financeiras resistem

Com todo esse sucesso, a indústria da maconha nos EUA continua sendo solapada por um vigoroso mercado negro e leis federais que tratam a maconha como uma substância controlada como a heroína. Instituições financeiras mantêm distância do negócio da cannabis, mesmo nos Estados americanos em que ele é legal, e até recentemente os investidores relutavam em aplicar seu dinheiro na maconha.

As empresas que trabalham com a maconha não podem deduzir suas despesas comerciais de seus impostos federais e enfrentam muita dificuldade para obter seguros e encontrar imóveis para suas operações físicas.

"Enquanto não houver uma legalização federal completa, estaremos convivendo com essa estrutura", diz Marc Press, advogado de Nova Jersey que aconselha empresas do setor de cannabis.

No começo do ano, o setor levou um susto, quando o então secretário de Justiça dos EUA Jeff Sessions revogou uma política que blindava as operadoras de maconha medicinal licenciadas pelos Estados de serem processadas na esfera federal. Mas essa iniciativa acabou tendo um impacto mínimo porque os promotores federais demonstraram pouco interesse em perseguir operadores legalizados.

Sessions, um grande opositor da legalização, acabou perdendo o emprego mais tarde, enquanto o presidente Donald Trump disse que estava inclinado a apoiar um esforço do senador republicano Cory Gardner (Colorado) para relaxar a proibição federal.

Parceiros poderosos

Em novembro, os democratas conquistaram a maioria na Câmara dos Deputados e querem usar isso em 2019 para aprovar uma legislação que relaxa as restrições federais à indústria legal da maconha, mas sem removê-la da lista de substâncias controladas.

Gardner e a senadora democrata Elizabeth Warren (Massachusetts), propuseram uma legislação que permite a atividade do comércio legal de cannabis aprovado pelos Estados sob a lei federal. O projeto de lei também permitiria aos Estados e grupos indígenas determinar a melhor maneira de regular o comércio da maconha dentro de suas fronteiras sem o temor da intervenção federal.

Se essas disposições virarem lei, elas poderão abrir o setor bancário para a indústria da maconha no âmbito nacional e tornar mais fácil para as empresas que trabalham com a maconha obter capital.

O "modelo" de Blumanauer para a legalização da maconha também prevê o fornecimento, pelo governo federal, de maconha para os veteranos de guerra, uma tributação mais justa paras as empresas de maconha e o fim das proibições federais às pesquisas com a maconha, entre outras coisas.

"Elegemos o Congresso mais pró-cannabis da história e o mais importante é que algumas pessoas que representavam uma barreira ao nosso trabalho se foram", diz Blumenauer. "Se pudermos dar partida na Casa Branca, acho que haverá apoio no Senado, especialmente se lidarmos com coisas que são importantes, como o acesso para os veteranos e o acesso aos bancos."

(Tradução de Mario Zamarian)

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