A indústria farmacêutica vem ganhando destaque no sul de Minas Gerais, principalmente em cidades como Pouso Alegre, Poços de Caldas e Varginha. Até 2021, mais de dois mil postos de trabalho serão gerados na região.
O Sul de Minas Gerais (MG) deverá gerar pelo menos mais dois mil postos de trabalho até 2021 graças a investimentos da indústria farmacêutica. De acordo com dados da Agência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior de Minas Gerais (INDI), as indústrias do setor devem investir R$ 737 milhões no interior do Estado. Pouso Alegre e Poços de Caldas (MG) serão os municípios beneficiados com a instalação de novas indústrias.
Biolab e Cimed impulsionam a indústria farmacêutica em Minas Gerais – Em Pouso Alegre, a farmacêutica Biolab anunciou que vai investir R$ 450 milhões em um novo complexo industrial, que deverá produzir até 200 milhões de unidades por ano e gerar pelo menos 800 postos de trabalho. A empresa chegou a comprar uma área no município de Estiva (MG), vizinho a Pouso Alegre, porém questões relacionadas à infraestrutura resultaram na mudança de planos e de cidade. Já a Cimed, que está presente há 20 anos no município, anunciou um aporte de quase R$ 200 milhões em uma nova fábrica às margens da Rodovia Fernão Dias, que deverá dobrar a capacidade atual da empresa.
A previsão é que parte das operações se iniciem em 2021 e que sejam gerados aproximadamente 500 novos empregos diretos e indiretos. Em Poços de Caldas, a Myralis aplicará R$ 28 milhões até 2021 e deverá empregar cerca de mil pessoas em três anos. Já em Varginha (MG), a Euforarma e a Momenta já operam um centro de distribuição de medicamentos no Porto Seco, no aeroporto da cidade. O investimento foi de R$ 12 milhões com geração de cerca de 140 empregos e o faturamento deverá ser de R$ 2 bilhões por ano.
R$ 1,2 bilhão em investimentos – Pouso Alegre é sem dúvida a cidade do Sul de Minas que mais se beneficia com os investimentos do setor farmacêutico. Conforme dados da prefeitura do município, só o setor já é responsável por gerar cerca de três mil empregos diretos na cidade. A empresa tem hoje sete grandes empresas do setor, que juntas já investiram recursos da ordem de R$ 1,2 bilhão. Nesta terça-feira (17/09), inclusive, foi inaugurado o Centro de Distribuição da Supera RX, empresa de medicamentos criada a partir de uma “joint venture” entre as empresas Cristália e Eurofarma. A expectativa é que, com o novo centro, a empresa possa alcançar R$ 1 bilhão em faturamento até 2022 e dobrar sua força de vendas. A nova sede deverá gerar entre 18 e 30 empregos diretos e indiretos.
Pioneira de polo que começou há duas décadas – A Cimed é a pioneira do ramo na cidade. A empresa, que anunciou a construção de uma nova planta, está há 20 anos no município. A companhia é hoje a quarta maior do País no ramo farmacêutico e tem registrado crescimento anual de cerca de 20% ao ano, o dobro do que cresce o mercado de medicamentos no País. Até o fim deste ano, a empresa deverá bater sua meta de 420 milhões de unidades produzidas. “Essa demanda que nós temos, em parte, é pela nossa metodologia de trabalho, a nossa linha comercial. Nós atendemos 50 mil pontos de venda diretamente, trabalhamos com as grandes redes e através dos nossos 25 centros de distribuição, atendemos esses pontos de venda diretos. Dessa forma, isso possibilita esse crescimento diferenciado”, avalia o diretor-industrial da Cimed, Amaraí Furtado Silva.
Indústria farmacêutica em Minas Gerais – Dos mais de dois mil trabalhadores que a indústria possui hoje em Pouso Alegre, cerca de 20% são de trabalhadores com curso superior, entre farmacêuticos e químicos. Além da fabricação dos medicamentos, todo o processo de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos é feito dentro de um instituto de pesquisa que fica dentro da empresa e que recebeu investimentos de R$ 130 milhões nos últimos dois anos. “São mais de 700 profissionais de nível superior, então o nível de emprego que a gente gera é de um nível diferente de emprego também, além de trazer uma característica intangível para a região”, disse o diretor da empresa.
Hoje a empresa se beneficia da própria rede de negócios que ajudou a construir ao longo de duas décadas. “Nós tivemos empresas grandes saindo de Minas Gerais e a Cimed é a precursora do polo farmacêutico que vem se consolidando, não só com a Cimed mas com as outras companhias do ramo que estão sendo instaladas. Diversas empresas vem tomando a região, não só de Pouso Alegre, mas de São Sebastião da Bela Vista, Itajubá e Santa Rita do Sapucaí. São muitos colaboradores que trabalham nessa região”, completou o diretor.
Posição estratégica e mão de obra qualificada – De acordo com especialistas do setor farmacêutico, a proximidade com grandes centros e a oferta de mão de obra qualificada próximo ao município, são os principais pontos positivos para atração dessas empresas. “O maior incentivo que as empresas têm para vir para Minas Gerais é o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Afinal, o governo estadual está dando uma condição extremamente favorável em termos de recolhimento de ICMS. Estando em Minas, o melhor local para a indústria que se destina ao consumidor final é claramente Pouso Alegre. Devido a localização geográfica e estratégica em termos logísticos”, disse o secretário de desenvolvimento econômico de Pouso Alegre, Dino Francescato. Ainda conforme o secretário, o poder público municipal tem dado atenção especial à indústria farmacêutica por três motivos:
Alto valor agregado: “Não é um produto pé de chinelo, é um produto nobre e de consumo obrigatório. Então isso gera uma arrecadação significativa para o município”;Geração de renda: “A cada quatro empregos gerados na indústria farmacêutica, pelo menos um é de nível superior. Isso faz com que o salário médio e a renda per capita na cidade. Dessa forma, estimulando todos os outros segmentos e toda a cadeia econômica”; Qualificação de mão de obra: “Pouso Alegre está no centro geográfico do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Do ponto de vista de distribuição, é o melhor lugar que existe. Fora isso entram todos os benefícios inerentes à cidade, centro médico de referência, muitas escolas, mão de obra qualificada, escolas de farmácia, tem tudo que uma indústria de porte, uma indústria com produtos de qualidade precisa”.
Faturamento deve triplicar em cinco anos – Conforme dados da última Pesquisa Industrial Anual, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em 2018, Minas Gerais é o estado onde a indústria farmacêutica mais cresce no País. Nesse ano, a indústria teve uma receita líquida de R$ 3,18 bilhões, com crescimento de 15,44% em relação ao ano anterior. Segundo a INDI, a projeção é que o faturamento da indústria farmacêutica possa bater os R$ 9 bilhões em até cinco anos. Para o diretor da agência, essa expansão na indústria farmacêutica pode fazer com que outros municípios da região também possam ser beneficiados com investimentos no setor. Isso porque a instalação de grandes empresas atrai uma cadeia de outras companhias menores que funcionam como fornecedoras e geram mais emprego e renda.
“Tudo isso é um conjunto de segmentos econômicos que complementam a indústria farmacêutica. Dessa forma, naturalmente, eles virão abrir espaço para outros municípios da região receberem novos investimentos”, comenta o diretor da INDI, João Paulo Braga. Para ele, prefeituras que tendem a ser parceiras dos empreendedores, facilitando a vida das empresas com a burocracia, tendem a estar um passo à frente. “Em relação ao Sul de Minas Gerais, eu destacaria a participação das prefeituras, das equipes, do viés pró- negócio que essas prefeituras têm. Um exemplo são as prefeituras de Pouso Alegre e Varginha. A prefeitura consegue tornar a vida do empreendedor que vai para essas cidades mais fácil com licenciamentos, alvarás, localização. Encontrar um poder público que facilite a jornada do empreendedor e torne o ambiente de negócios mais favorável, é um diferencial”, completou Braga.
Fonte: Marcio Antoniassi
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