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Valor Econômico 
Jornalista: Dauro Veras

31/07/20 - A colaboração científica entre empresas e universidades brasileiras tem crescido rapidamente, com vários projetos de relevância global. Nos últimos dez anos, o número de artigos publicados em coautoria entre pesquisadores acadêmicos e do setor privado cresceu 269%, passando de 884 em 2010 para 2.038 no ano passado. Mais de dois terços dos artigos têm a participação de 13 universidades públicas do Sul e Sudeste. Contudo, as parcerias envolvendo empresas nacionais ainda são poucas. Das 20 empresas que lideram publicações em coautoria, dez são multinacionais farmacêuticas.

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Os números fazem parte de uma pesquisa de Carlos Henrique de Brito Cruz, professor do Instituto de Física da Universidade de Campinas (Unicamp) e ex-diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). “Muitas empresas de fora do Brasil vêm buscar colaboração com as melhores universidades daqui, o que demonstra a nossa qualidade da pesquisa e do ensino”, afirma. “Aparentemente as farmacêuticas brasileiras enfrentam limitações conhecidas no país e não conseguem a mesma intensidade nesse tipo de interação.”

Três instituições acadêmicas do Estado de São Paulo concentram 30% das publicações conjuntas com empresas realizadas na última década. O pesquisador atribui esse bom desempenho à estabilidade e previsibilidade do financiamento público à pesquisa. Isso permite aos cientistas e gestores planejar em longo prazo, garantindo assim a qualidade e atualização em pesquisa que atrai o interesse das empresas. As Universidades de São Paulo (USP), Campinas (Unicamp) e Estadual Paulista (Unesp) recebem 9,57% do ICMS desde o início de 1990, e a Fapesp, 1% da receita tributária paulista.

A Unicamp e a USP participam de um consórcio internacional inédito na América Latina, dedicado à pesquisa de novos fármacos para o tratamento de três doenças parasitárias tropicais que matam milhares de pessoas todos os anos: malária, Chagas e leishmanioses. Elas são chamadas de “negligenciadas” por afetarem populações pobres e não despertarem muito interesse da indústria farmacêutica. O projeto se dá via parcerias público-privadas e envolve duas ONGs: DNDi (em inglês, sigla para iniciativa medicamentos para doenças negligenciadas) e MMV (empreendimento sobre medicamentos para malária).

“O objetivo é entregar candidatos a fármacos clínicos eficazes, acessíveis, baratos, seguros e com baixa toxicidade, que possam entrar em fases de ensaios em seres humanos”, resume o coordenador do consórcio, Luiz Carlos Dias, professor do Instituto de Química da Unicamp. No caso da malária, acrescenta, há o desafio extra de criar um tratamento em dose única, que facilita o tratamento. “As grandes farmacêuticas mundiais não investem dinheiro no projeto, mas colocam à nossa disposição vários de seus ensaios biológicos não acessíveis aqui, além do expertise de pesquisadores”.

Eurofarma e Aché, ambas de capital nacional, atuam em cooperação com a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e a Unicamp em um projeto de inovação aberta com investimento inicial de R$ 8,4 milhões. O objetivo é pesquisar novos medicamentos antiinfecciosos e para o tratamento de câncer a partir do modelo internacional Structural Genomics Consortium.

(Petrobras, Novartis, Pfizer, Vale, Roche, GlaxoSmithKline, Astrazeneca, Merck, IBM, Fibria, Johnson Johnson, Embraer, Sanofi, Microsoft, Itaipu Binacional, Westat, Bayer AG, Boehringer Ingelheim, Kaiser Permanente e Eletrobras são mencionadas no infográfico).

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