por Renato Santino, editado por Wharrysson - 23/03/2019
Olhar Digital
A mesma tecnologia que reconhece seu rosto em fotos publicadas nas redes sociais, agora está sendo utilizada para combater doenças e até criar novos remédios. É recente, mas de um tempo para cá, a Inteligência Artificial transformou uma série de serviços na internet e mexeu também com algumas áreas de pesquisa científica. Na indústria farmacêutica, através do Aprendizado Profundo de Máquinas, o "Deep Learning" do inglês, plataformas de Inteligência Artificial conseguem analisar milhões de imagens moleculares de alta resolução e, assim, criam um potencial inédito para novas descobertas biológicas. A promessa são tratamentos mais individualizados, curas para doenças graves e até a descoberta de novos medicamentos.
O processo de descoberta de novos medicamentos é extremamente complexo. Antes de chegar às farmácias e hospitais do mundo todo, muitas perguntas precisam ser respondidas. Por exemplo: quais drogas em potencial irão se ligar à minha proteína alvo? Como é possível tornar determinado medicamento mais potente? E o que fazer para diminuir a incidência de efeitos colaterais? Se os cientistas conseguem predizer a forma de uma proteína - ou seja, sua estrutura física em três dimensões - eles podem determinar melhor como outras moléculas se ligam a elas fisicamente. Essa é uma das formas que as drogas são desenvolvidas; no melhor estilo “chave-fechadura”…
Empresas farmacêuticas de todo o mundo estão engajadas no uso da Inteligência Artificial para o desenvolvimento de novos fármacos. Muitas inclusive associadas a startups que usam a mesma técnica: aprendizado de máquinas e redes neurais para analisar imagens de células e aprender como novas drogas as afetam ou ainda extrair conhecimento de milhares de estruturas de proteínas para prever a ligação de pequenas moléculas a elas.
Hoje, o desenvolvimento de único medicamento pode custar mais de dois bilhões de dólares. O alto custo é devido, em sua maior parte, à enorme taxa de falha. Para cada droga aprovada, outras nove são descartadas devido à falta de eficácia ou por serem tóxicos demais. A partir dessa nova realidade puxada pela tecnologia, usando algoritmos inteligentes e alto poder de computação, a ciência é capaz de modelar a biologia como nunca fez antes. O resultado disso é encontrar tratamentos para doenças complexas e até chegar ao patamar de uma medicina mais personalizada para cada indivíduo.
Se o assunto parece muito distante da nossa realidade, uma boa notícia é que esta indústria farmacêutica 100% brasileira está no mesmo barco. Recentemente, a empresa fechou parceria com uma startup canadense para aplicar recursos de Inteligência Artificial em pesquisas sobre a transformação e aplicação de moléculas pequenas. Mais breve do que a gente imagina, a mesma tecnologia que conduz carros autônomos ou permite que você converse com uma assistente virtual no seu telefone vai permitir que a sociedade viva melhor, com mais saúde, menos sofrimento e por muito mais tempo.
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