Inteligência artificial no RH. Esperança ou mais poder?

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imagem: Pixabay

O algoritmo absorve informações e seleciona os padrões sugeridos

Leonardo Trevisan, professor da PUC

Site Estadão

Uma “salada mista” feita de diferentes segmentos e disciplinas. Esta definição de inteligência artificial (IA) é de Fei-Fei Li, diretor do LabAI de Stanford e executivo do Google. A frase está em artigo da The Economist, de 4/4/18, sobre o quanto a IA avança em qualquer ambiente de trabalho.

A revista diz que o avanço da IA gera mais ansiedade do que esperança. Com mais eficiência e vigilância. Exemplo: Ping Am, empresa chinesa de seguros, analisa risco por app de reconhecimento facial. Respostas do cliente em vídeo são comparadas a 50 expressões faciais que apontam desonestidade. Funciona.

IA é todo soft que aprende. O sistema faz correlações com dados que recolhe de muitas fontes, encontra tendência de análise e faz julgamentos. A Economist dá exemplos até onde já foi a IA, na Bloomberg, Vodafone ou Leroy Merlin. Sundai Pichai, da Google, afirmou que IA terá impacto “mais profundo” que fogo ou eletricidade.

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Recrutamento e seleção mudaram muito com IA. A Johnson & Johnson lida com 1,2 milhão de candidatos com IA. O Hilton usa vídeos com IA para avaliar habilidades verbais, entonação e gestos de candidatos. O maior apelo para o uso da IA é o de diversidade nas contratações e mais justiça nas promoções.

Será, porém, que os critérios da IA são mesmo impessoais e avessos a preconceitos? Artigo do Financial Times, de Hannah Kuchler, investiga se algoritmos não são “tendenciosos” quando olham CVs. E pergunta: IA está mesmo imune a seguir “comportamentos determinados”?

O artigo mostra que IA funciona como “criança que imita o comportamento dos pais e não o que eles falam”. Ou seja, o algoritmo absorve informações e seleciona os padrões sugeridos. Algoritmo não cria padrão.

Recrutamento por IA, mesmo em empresa que exige diversidade, segue os “efetivos padrões dos sistemas humanos propostos pelos empregadores”. Apesar da “fala”, o sistema segue o que o “pai faz”, ou seja, atende as habilidades exigidas e, portanto, a IA contratará “homens jovens recém-formados por Harvard ou Oxford”. O artigo está em: https://www.ft.com/content/a5982330-75f6-11e7-a3e8-60495fe6ca71 

Na prática, vale o alerta da Economist: IA concentra poder. Também, no RH. Ou seja, a “salada mista” tem dono.

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