Inspirada em Jobs e Gates, biotech é fundada com a missão de criar colágeno sintético (Imagem: FP_atkwork/Freepik)
Por Fidel Forato | Canaltech
Não é segredo que dois visionários da indústria da tecnologia, Steve Jobs e Bill Gates, apostaram em diferentes soluções nas mais variadas áreas. Inclusive, é possível que ambos tivessem investido em pesquisas que desenvolvessem o colágeno sintético, feito em laboratório. No entanto, este não é o caso. A dupla serviu mesmo de inspiração para a criação da biotech Jellatech, capaz de produzir colágeno humano, suíno e bovino.
Recentemente, a startup estadunidense anunciou ter recebido US$ 3,5 milhões (cerca de 17,4 milhões de reais) em investimentos para expandir a sua plataforma de fabricação de colágeno cultivado e de "origem" animal, mas sem a necessidade de matar nenhum espécime, como é comum para este setor.
"A tecnologia da Jellatech abre um ramo fundamentalmente novo da árvore tecnológica da nossa espécie: criar proteínas complexas a partir do zero, em escala, sem ter que 'extraí-las' do corpos de animais", afirma Magnus Hambleton, um dos atuais investidores, em nota. Para ele, a biotech "produz proteínas grandes e complexas, de forma sustentável e ética, começando pelo colágeno. O impacto que isso pode ter [para a sociedade] é enorme”.
Colágeno produzido em laboratório
Hoje, a maioria das pesquisas envolvendo o cultivo de células animais em laboratório foca na questão da alimentação, como as carnes que não envolvem o sofrimento animal. No entanto, a geração de proteínas específicas, como o colágeno bioidêntico ao humano, é ainda pouco explorada comercialmente. Neste ponto, a Jellatech é uma das pioneiras.
Vale explicar que o colágeno é um dos tipos de proteína mais abundantes no corpo humano, responsável pela firmeza e sustentação da pele. Na biomedicina, tem inúmeras aplicações, envolvendo o tratamento de artrite até a bioimpressão 3D, passando pela área estética. O consumo de pílulas de colágeno é bastante popular.
Imagem: Leungchopan/Envato
Inspiração de Steve Jobs e Bill Gates
Por trás da empresa pioneira no setor, está a dinamarquesa Stephanie Michelsen, fundadora e CEO da Jellatech. Quando era mais nova, durante a universidade, ela conta que "admirava o Steve Jobs, o Bill Gates e outras pessoas [geniais] do tipo", em entrevista para a plataforma iGEM. Naquela época, sonhava em ter uma grande ideia, transformá-la em produto, gerar receita e, consequentemente, causar impacto. Aparentemente, o produto ideal é o colágeno feito em laboratório, com uma vasta gama de aplicações na área da saúde.
"Hoje, [o produto] é um tipo de colágeno alternativo, sustentável e feito de forma ética. Algo que é muito, mas muito escalonável", explica Michelsen. Inclusive, no futuro, o cultivo desse tipo de proteína poderá ser até feito no espaço, caso seja necessário.
Afinal, "não estamos mais vinculados a ter uma enorme fazenda, enormes matadouros e enormes fábricas de processamento. Tudo o que fazemos é no mesmo prédio", acrescenta a executiva sobre o projeto capaz de modificar aquilo que a humanidade considerou por anos como não modificável.
Em partes, a Jellatech pode ser parte de uma revolução semelhante àquela provocada pela disseminação dos computadores pessoais, com Steve Jobs e a Apple, e Bill Gates e a Microsoft. Resta esperar e ver se os impactos serão tão profundos das proteínas cultivadas em laboratório quanto as marcas deixadas por aqueles que inspiraram Michelsen.
Editado por Luciana Zaramela | 10 de Setembro de 2023 às 15h30
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