Nova York, 31 mai (EFE).- Um júri de Nova York ordenou a multinacional Johnson & Johnson a indenizar com US$ 325 milhões uma mulher que desenvolveu uma forma rara de câncer de pulmão vinculada com o amianto e pela qual responsabilizou os talcos da empresa, que planeja apresentar um recurso contra a decisão.
A empresa confirmou à Agência Efe a ordem do júri, a última novidade de um caso que corre na Suprema Corte de Nova York, mas declarou em comunicado que o julgamento "sofreu significativos erros legais e de evidências", razão pela qual planeja apelar, e negou que os talcos contenham amianto ou causem câncer.
O escritório de advogados Levy Konigsberg, que representa a denunciante, Donna Olson, e seu marido Robert, anunciou nesta quinta-feira o veredito contra a Johnson & Johnson: US$ 20 milhões pelo sofrimento "passado e futuro" da mulher, US$ 5 milhões pelo fechamento de um consórcio de seu marido devido à doença e US$ 300 milhões como castigo por danos.
O escritório indicou em uma nota que, durante os quatro meses de julgamento, o júri viu documentos internos segundo os quais a empresa "sabia que havia amianto no talco utilizado para fabricar o Johnson's Baby Powder e os produtos J&J's Shower to Shower já nos anos 60 e 70".
"Ao invés de advertir aos consumidores ou substituir o talco com um ingrediente alternativo, como amido de milho, a J&J adotou métodos de testes que não eram capazes de detectar o amianto", afirmaram os advogados, que alegam que esses resultados foram usados para comunicar a ausência do mineral ao público e às autoridades.
A indenização é uma das mais altas alcançadas em casos deste tipo contra a multinacional, que no final de 2018 estava imersa em 13.000 casos nos EUA, em geral pela sua suposta responsabilidade no desenvolvimento de câncer, segundo seu relatório anual entregue à Comissão de Valores (SEC).
A empresa respondeu com "50 anos de avaliações científicas independentes feitas por corporações do governo" dos EUA e por instituições acadêmicas, como Princeton e MIT, e assegurou que todas concluem que os talcos são seguros.
A Johnson & Johnson destacou ainda que, dos veredictos apresentados contra a empresa que foram submetidos a um processo de apelação, "todos e cada um foram revogados" e que houve "vários casos" nos quais os júris concluíram que seus produtos "não eram responsáveis pelo câncer dos litigantes", enquanto outros foram desconsiderados.
Por causa da notícia, divulgada nesta sexta-feira à tarde, as ações da empresa perdiam 0,96% do seu valor na Bolsa de Nova York. EFE
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