Julio Abramcyk: Doenças crônicas mentem

Folha de S.Paulo

HIT-for-Chronic-Care-Management.jpg?profile=RESIZE_710xColunista: Júlio Abramczyk*

25/10/19 - A percepção inadequada pelos pacientes de uma doença crônica que atinge de 2% a 4% dos adultos nos Estados Unidos e no Reino Unido é o tema de editorial da revista The Lancet Rheumatology deste mês.

O editorial aborda o desafio da doença denominada gota, inflamação nas articulações causada por depósitos de cristais de urato produzidos pelo organismo do paciente.

As taxas de prescrição de remédios para manter níveis normais do ácido úrico no sangue são baixas, assim como a adesão dos pacientes ao remédio.

A adesão à terapia, principalmente quando a doença parece inativa, diz o editorial, é influenciada pelo grau de confiança do doente em seu médico, que deve insistir na manutenção do tratamento mesmo na ausência de dor.

A crise de gota, desencadeada por dor no local da inflamação, interfere na ação da articulação e diminui a qualidade de vida do paciente.

No Brasil, V. Feijó Azevedo e colaboradores da Universidade Federal do Paraná abordam, na Revista Brasileira de Reumatologia, a importância da campanha “Sua gota mente”.

Eles afirmam que, apesar do tratamento nas crises dolorosas com anti-inflamatórios acabar momentaneamente com a dor, os cristais de urato responsáveis pela dor continuam presentes. E, a longo prazo, podem provocar tofos e graves danos nas articulações.

Também assinalam a importância de os médicos contribuírem para o conhecimento do paciente sobre a doença para bons resultados a longo prazo.

 

(*) Julio Abramcyk é médico, vencedor dos prêmios Esso (Informação Científica) e J.Reis de Divulgação Científica (CNPq).

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