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Moradora de Praia Grande, SP, sofre com dermatite e conseguiu na Justiça que SUS forneça medicamento de alto custo — Foto: Arquivo Pessoal
Argumento usado no processo foi de que a própria dermatologista relatou que paciente já tentou diversos tipos de tratamento, sem resultado.
Por Brenda Bento, g1 Santos
Uma assistente de logística de 25 anos, moradora de Praia Grande, no litoral de São Paulo, que prefere não se identificar, conseguiu uma tutela provisória de urgência na Justiça determinando que o Sistema Único de Saúde (SUS) forneça um medicamento de alto custo para o tratamento de uma dermatite atópica grave. Com duas seringas de uso único, o remédio é vendido por mais de R$ 12 mil.
Aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2020, o medicamento é utilizado para tratamento de dermatite atópica, asma e rinossinusite crônica com pólipo nasal. Na decisão, de 4 de março, o juiz Eduardo Ruivo Nicolau considerou que, se a paciente não fizer uso do medicamento com urgência, conforme recomendação médica, existe a possibilidade do agravamento da doença.
Nicolau definiu que a paciente receba do SUS doses de 300 mg do Dupixent (Dupilumabe), no prazo de 30 dias, até o julgamento definitivo ou nova determinação judicial em sentido contrário. "O tratamento pode ser prorrogado, e a quantidade variável a cada receita apresentada trimestralmente, conforme o estado da paciente", cita o juiz.
De acordo com a dermatologista que atende a assistente de logística, ela apresenta um processo inflamatório crônico na pele há mais de 18 anos, com sintomas como coceiras intensas, infecções cutâneas e lesões por todo o corpo - bolhas, descamação e feridas. A situação compromete, também, a qualidade de vida da jovem, levando à depressão e ansiedade.
Para tentar controlar a doença, vários tratamentos já foram realizados, mas não surtiram efeito, por isso, a dermatologista receitou a aplicação de duas seringas de Dupixent, de uma vez só, e uma seringa a cada 15 dias, de modo contínuo.
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Justiça determinou que SUS forneça medicamento de R$ 12 mil para jovem tratar dermatite em Praia Grande, SP — Foto: Arquivo Pessoal
Defesa do caso
Ao g1, o advogado Fabricio Posocco disse que considera que a decisão do juiz trouxe justiça ao caso. "A gente ingressou na Justiça pedindo esse remédio de alto custo para que ela pudesse ter esse tratamento, e minimizar os efeitos causados pela doença. O juiz determinou que, toda vez que o médico solicitar, o poder público precisa entregar", explica.
"A legislação prevê que o Estado deva conceder efetivamente a saúde para aqueles que necessitam, se utilizando do SUS, então, nada mais justo do que o Estado fornecer o medicamento para essa pessoa que precisa tanto, para voltar a ter uma vida normal", afirma o advogado.
Posocco explica que, a partir do momento em que o médico especifica o medicamento que a pessoa precisa, se o poder público não tem para fornecer, seja porque não está na lista ou porque não compra, a pessoa tem o direito de ingressar na Justiça. "Esses medicamentos de alto custo são únicos, ou seja, o medicamento mais moderno que tem para aquela situação. Já foi tentado tudo, e não se conseguiu".
Segundo o defensor, o argumento usado no processo foi de que a própria dermatologista estava relatando que já havia tentado diversos tipos de tratamento e outros medicamentos com a paciente, mas que eles não deram resultado, e que não restava outra opção para tentar solucionar essa situação.
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