Nova York, 21 fev (EFE).- O Departamento de Justiça dos Estados Unidos pediu à Johnson & Johnson explicações sobre os processos nos quais a empresa é acusada de vender talco com amianto, substância que tem efeitos nocivos para a saúde e pode provocar câncer.
No relatório anual entregue pela empresa à Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos (SEC) nas últimas horas, a Johnson & Johnson informou que recebeu "requerimentos preliminares e pedidos para produzir documentos" por parte do Departamento de Justiça, da própria SEC e de um membro do Comitê de Saúde do Senado.
É a primeira vez que a Johnson & Johnson revela ter sido interpelada pelas autoridades federais pelos problemas sobre o talco. No ano passado, 13 mil pessoas entraram com ações contra a empresa nos EUA por acreditarem que o produto causava câncer.
"A empresa está cooperando com esses requerimentos do governo e produzirá os documentos para respondê-lo", indicou a Johnson & Johnson no relatório, que cita alguns dos processos mais relevantes.
A credibilidade da multinacional foi gravemente abalada em dezembro de 2017 após a publicação de que a empresa sabia há décadas que o talco produzido por ela continha amianto, uma substância cancerígena, e não compartilhou a informação com os órgãos de regulação e o público. A Johnson & Johnson negou as acusações, mas sofreu forte queda na bolsa de valores.
As ações por "danos pessoais" que alegam que o talco da empresa causa câncer têm se somando às que exigem responsabilidade civil da empresa. Os processos se concentram nos tribunais estaduais de Missouri, Nova Jersey e Califórnia. Já as ações federais foram unificadas na corte do distrito de Nova Jersey.
Em fevereiro de 2018, uma ação coletiva acusava a empresa e alguns de seus diretores de violar as leis ao não terem informado sobre a "contaminação de amianto nos pós que continham talco", o que representou perda para os acionistas da Johnson & Johnson.
No relatório entregue à SEC, a empresa afirma que teve "sucesso" em vários casos, mas que também houve veredictos contrários. Um deles provocou o pagamento de uma multa de US$ 4,7 milhões.
A Johnson & Johnson diz no documento que acredita ter uma "base forte" para recorrer de decisões contrárias na Justiça, mas que as ações aumentaram os custos da empresa com advogados.
No último trimestre de 2018, as despesas legais da Johnson & Johnson relacionadas com litígios subiram para US$ 1,29 bilhão, de acordo com os resultados fiscais divulgados no ano passado. EFE
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