Valor Econômico
Jornalista: Ivone Santana
11/03/20 - O Grupo Leforte, que atua na área hospitalar, está testando um programa de assistência médica integral e continuada em parceria com operadoras de saúde, seguradoras e cooperativas médicas. O programa, que lembra o antigo médico de família, inclui o tratamento preventivo do paciente, levantamento de tendências a certos tipos de doenças pelo histórico familiar e liberação de internação hospitalar para prosseguir o tratamento em casa, nos casos em que não haja risco para a recuperação.
Com duas unidades em São Paulo e uma em Santo André, na região do ABC, o Leforte dispõe de 620 leitos e tem cerca de 3,8 mil colaboradores.
“É possível diminuir o custo da diária hospitalar em até 50%, enquanto o custo total do paciente, que é o que a operadora realmente paga, pode cair até 20%”, diz Rodrigo Lopes, diretor-presidente do Grupo Leforte, sobre a dispensa da internação. O hospital vai ficar só com os casos mais complexos. Segundo ele, a patologia, o cuidado, a idade e a condição clínica é que determinarão se o paciente pode ser liberado do hospital ou não.
Com o novo programa, em alguns casos, o Leforte conseguiu diminuir de 50% a 60% a média de permanência dentro do hospital, com o restante do tratamento complementado em casa. Não é tanto uma questão de qual doença permite o tratamento domiciliar, mas da condição clínica e social-administrativa do paciente, diz Lopes, acrescentando: “Para nós, seria danoso e custoso a reinternação por um erro de estimativa.”
O programa começou a ser preparado há sete meses e executado a partir de janeiro. Testes piloto foram feitos com 25 funcionários de uma indústria automobilística e em parceria com duas operadoras de saúde, de acordo com o Leforte. O corpo clínico será redistribuído e a remuneração dos profissionais terá base em performance, diz o diretor-presidente. Uma equipe dedicada vai acompanhar os pacientes na casa deles. A meta do executivo é levar o programa a 100% das operadoras, sendo que cada uma delas definirá quantas vidas colocará sob gestão.
Para o Leforte, quando se consegue fazer uma linha integral de tratamento, o desperdício na saúde cai. Isso porque, com o monitoramento e controle, o paciente não precisa fazer exames toda vez que vai ao médico, nem ir ao pronto atendimento sem necessidade.
“Vamos entregar para a operadora previsibilidade, gestão do sinistro e agregar que comecemos a entender o paciente pensando no resultado clínico, e não mais ser remunerado pelo atendimento dele”, diz Luiz Carlos Takeshi, diretor de Operações do Grupo Leforte.
Para comparar o programa com o modelo tradicional dos hospitais, Takeshi diz que a remuneração de um atleta que pegou pneumonia é a mesma de uma pessoa de 85 anos, fumante, que já teve um acidente vascular cerebral. “Há certa irracionalidade de custos, e os hospitais sobrevivem do atendimento, mas deveria ser pela entrega do que a gente gera.”
Para Lopes, com o modelo de prevenção é possível saber onde o paciente vai chegar, em termos de saúde, e quanto vai custar para a empresa.
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