MERCADO

Por Valor Economico

Famoso no Brasil pelos smartphones, TVs e eletrodomésticos, o grupo sul-coreano LG nasceu em 1947 como Lucky Chemical, fabricando creme facial e pasta de dente. Depois de 71 anos, a LG Household & Health Care, empresa que está entre as dez principais do conglomerado, chega ao mercado brasileiro. Em julho, seus produtos de higiene pessoal, cosméticos e limpeza começam a ser vendidos em parceria com a mineira Farmax.

A LG H&H é uma das principais representantes da indústria de cosméticos da Coreia do Sul, ao lado da marca AmorePacific. Segundo a empresa de pesquisas Euromonitor, a LG H&H é a 21ª maior companhia do setor no mundo e a AmorePacific, a 15ª. Rivalizam com as japonesas Shiseido e Kao Corp, a francesa L’Oréal e a americana Revlon. Os itens e as rotinas de cuidados com a pele das sul-coreanas avançam no ocidente em movimento conhecido como “K-Beauty”, do inglês “Korean Beauty”. Com operações em 200 países, a LG H&H registrou vendas de US$ 5,54 bilhões no ano passado, crescimento de 5,6% ante 2016. O lucro líquido aumentou 9,8%, para US$ 547 milhões.

A companhia atua nas áreas de beleza, saúde e bebidas. Em cosméticos, tem parcerias de distribuição com a Coty e adquiriu a Avon no Japão em abril deste ano. No segmento de bebidas, comprou a operação da Coca-Cola na Coreia. Por que tanto tempo para chegar ao Brasil, quarto maior mercado de beleza do mundo? TaeHoon Kim, vice-presidente da LG H&H, disse que na última década a companhia voltou a atenção para a Ásia, passando pelos Estados Unidos e Canadá. “Agora chegou o momento de expandir nossos negócios na América Latina.”

Neste início, serão nove marcas no Brasil e 800 itens importados. A expectativa é que o negócio gere R$ 300 milhões em vendas em três anos. A distribuição dos produtos começará pelos Estados de São Paulo e Minas Gerais nas farmácias Pague Menos, DPSP, Araújo, Raia Drogasil e em supermercados dos grupos Carrefour, GPA e Walmart. Os itens vendidos terão posicionamento de preço intermediário para competir com a Aussie, da Procter & Gamble (P&G), a brasileira Inoar e Kérastase, da L’Oréal. Em cuidados para cabelos, os valores oscilarão em torno de R$ 30.

Responsável pela distribuição da LG H&H, a Farmax produz 20 milhões de itens por ano em Divinópolis (MG) entre acetona, repelente, sabonete líquido e protetor solar. Bruno Amaral, diretor de novos negócios da empresa brasileira, disse que as conversas com a multinacional começaram em setembro de 2017. “São cinco anos de contrato, com possibilidade de renovação anual, mas a intenção é produzir parte dos itens localmente no médio prazo.

As principais apostas são o dermocosmético CNP, que faz “peeling” sem descascar a pele; a Elastine, linha de tratamento capilar com maior concentração de aminoácidos; e o Lucky Fiji, um detergente de roupas em lenços. A parceria com a coreana deverá possibilitar à Farmax crescer 20% neste ano, o dobro de 2017, quando faturou R$ 300 milhões. No fim de maio, sete contêineres chegaram ao Porto de Santos com 40 toneladas de produtos da Coreia do Sul e do Canadá.

A primeira negociação com a multinacional ocorreu com o dólar a R$ 3,20, cenário bem diferente do encontrado na compra da segunda remessa, com câmbio a R$ 3,80. “A LG reduziu o preço para não termos que vender os produtos com mais caro que o planejado”, disse Amaral.

As duas empresas planejam desembolsar aproximadamente R$ 50 milhões na divulgação dos produtos. Neste ano, a LG H&H, que já atua em pequena escala na República Dominicana e na Costa Rica, deverá participar da feira brasileira Beauty Fair, marcada para setembro.