Máfia das Próteses: médicos foram soltos

Hugo Barreto/Metrópoles

por MATHEUS GARZON

Metrópoles

Os três médicos presos na mais recente fase da Operação Mr. Hyde, que investiga a Máfia das Próteses no Distrito Federal, deflagrada na sexta-feira (03/05/2019), foram soltos nesta quarta (08/05/2019). O prazo legal de cinco dias da prisão temporária venceu e todos poderão responder em liberdade.

Eles são suspeitos de contratarem uma gráfica para fraudar lacres de materiais hospitalares. Segundo as investigações, a organização criminosa reutilizava equipamentos que deveriam ser descartados após as cirurgias.

Os procedimentos, que custavam entre R$ 100 mil e R$ 200 mil, eram feitos em uma clínica localizada em Sobradinho. A empresa está em nome dos funcionários, mas era dirigida pelos três profissionais de saúde detidos. O Metrópoles apurou que um deles é Robson Carlos dos Santos. O nome da gráfica não foi revelado.

“O fornecimento de material para cirurgias ortopédicas e neurocirurgias vem sendo feito no DF mediante pagamento de propina”, destacou o delegado da Polícia Civil Adriano Valente.

Além das cirurgias, os investigados abriram uma empresa que fornecia órteses, próteses e materiais especiais, as chamadas OPMEs, para hospitais e clínicas do DF a preços superfaturados. A lista de clientes e a estimativa de lucro da organização criminosa serão levantadas no decorrer da investigação, após a análise dos materiais apreendidos.

Os médicos se especializaram em cirurgias desnecessárias e malsucedidas para gerar a necessidade de outros procedimentos. “Ao final dessas intervenções, notamos que a qualidade de vida dessas pessoas caiu drasticamente. A maioria vive à base de medicamentos como morfina, perdem a mobilidade e precisam de tratamento psiquiátrico. É uma investigação de grande relevância.”

Para se ter uma ideia do alto rendimento dos investigados, a PCDF detalhou os valores de dois dos produtos vendidos por eles a preços exorbitantes.

A quadrilha comercializava o parafuso canulado, usado em cirurgias ortopédicas, por R$ 2,5 mil. O preço real é R$ 140. Outro valor que chamou a atenção foi o da âncora de fio, cujo preço de mercado é R$ 180, mas era vendida pela quadrilha por R$ 4,1 mil.

A Coordenação Especial De Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e aos Crimes Contra a Administração Pública (Cecor) apura até mesmo se os produtos são de origem lícita ou provenientes de descaminho, quando não há pagamento de imposto.

"A eficácia desse material que eles utilizavam nem sequer pode ser comprovada. Levantamos, ainda, que os médicos faziam procedimentos que não existem na medicina, como “queima de tendões”

Leonardo de Castro, delegado-chefe da Cecor

Demissão

A Polícia Civil vai notificar o Conselho Regional de Medicina (CRM-DF) sobre a conduta dos profissionais. O médico suspeito de liderar o grupo alvo desta quinta fase da operação trabalhava como ortopedista em um hospital particular da Asa Norte. Por determinação judicial, a polícia não divulgou os nomes dos investigados.

Ele foi demitido em 2017, após a direção suspeitar de atos ilegais. Além da clínica de Sobradinho, os policiais cumpriram buscas em uma clínica do Sudoeste. Ao menos nove pessoas ainda estão sendo investigadas.

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