Valor Econômico
Jornalista: Marcos de Moura e Souza
15/06/20 - A empresa que assinou o maior contrato com o Ministério da Saúde para fornecimento de respiradores para pacientes da covid-19 prevê fechar o ano com um faturamento quase 700% maior do que o do ano passado.
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Com fábrica, em Cotia, São Paulo, a Magnamed já era uma das principais produtoras nacionais desses equipamentos e tinha entre seus clientes órgãos públicos e privados no Brasil e uma experiência como exportadora para 60 países. Turbinada pelo contrato com o governo federal, a empresa deve sair da pandemia como um concorrentes mais competitivo na disputa por contratos no Brasil e no exterior, disse em entrevista ao Valor um dos sócios proprietários da Magnamed, Wataru Ueda.
Três fornecedores internacionais são seus principais concorrentes, a americana Medtronic, a alemã Draeger e a sueca Maquet.
Ueda conta que no meio da crise a Magnamed ampliou a capacidade da fábrica de cerca de 2 mil respiradores por ano para 3.500. A equipe de 99 funcionários é hoje formada por 147 pessoas.
A empresa vinha registrando faturamento anual entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões; em 2019 foram R$ 48 milhões. “Este ano, o faturamento deve ficar entre R$ 380 milhões e R$ 390 milhões”, disse Ueda.
No início de abril, o Ministério da Saúde assinou um contrato com a Magnamed de R$ 322,5 milhões para que a empresa fornecesse 6.500 ventiladores mecânicos, também chamados de respiradores. É o maior dos três contratos fechados pelo ministério com três fabricantes - os outros dois são a KTK e a Intermed - num total de R$ 658 milhões, referentes a 14 mil respiradores. Os equipamentos precisam ser produzidos e entregues a toque de caixa: em no máximo seis meses.
Até o fim da semana passada, a Magnamed havia entregue 1.950 aparelhos, segundo Ueda. “A gente deve entregar até o fim de junho mais 1.350”, afirmou.
Desses 3300, a maior parte diz respeito à encomenda do ministério e o restante a entregas referentes a contratos anteriores.
“A gente deve concluir no fim de julho a entrega dos 6.500 ventiladores”, diz o empresário que fundou a empresa ao lado de Tatsuo Suzuki e Toru Miyagi Kinjo.
“Nosso desafio foi, quase que da noite para o dia, fazer mais ou menos dez vezes mais respiradores por mês do que fazíamos. Eram cerca de 200 e passamos a fazer 2.000”, diz Paulo Tomazela, sócio da gestora de fundos KPTL, principal acionista da Magnamed.
Parte dos respiradores é produzida em Cotia e parte é produzida pela Flex, com quem a Magnamed estabeleceu uma parceria. A Flex é uma empresa especializada na montagem de celulares, computadores, máquinas de pagamento entre outros eletrônicos.
Um dos obstáculos da Magnamed - e de todos os fabricantes de ventiladores pulmonares - foi obter válvulas e sensores para seus equipamentos. Com poucos fornecedores pelo mundo, essas peças passaram a ser disputadas por fabricantes de respiradores de todos os países. E não havia peças suficientes. O pior momento para essas importações, no entanto, parece já ter passado.
A Magnamed deixou de atender a novos pedidos enquanto não finaliza a entrega ao governo federal. Mas diz que continua recebendo consultas do exterior e que a crise colocou a empresa num novo patamar. A avaliação é que tanto no exterior quanto no Brasil a demanda por respiradores depois da pandemia será maior do que antes, reflexo da preocupação de melhor equipar hospitais públicos e privados.
“Nós já éramos conhecidos em hospitais de referência, mas acabamos ficando mais conhecidos com a crise. Os ventiladores importados, que eram os nossos principais concorrentes aqui, passam a ter um parque instalado proporcionalmente menor porque o nosso parque está crescendo no Brasil”, diz Tomazela.
E se o câmbio permanecer alto, será um obstáculo a mais para os concorrentes estrangeiros, acrescenta ele. “Não acredito que a gente volte a ser uma empresa de R$ 40 milhões, R$ 50 milhões. Acho que seremos maiores no pós-pandemia.”
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