Mais de 7 mil com dengue no Distrito Federal

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Correio Braziliense

Jornalista: Matheus Ferrari

07/03/20 - Tudo começou na madrugada de domingo. O fundo dos olhos e a cabeça doíam. Não demorou para o corpo inteiro convalescer. Quando se deu conta, Graziele Ribeiro Lemos, 26 anos, não andava. “Na segunda pela manhã, o meu corpo começou a doer, mas eu fui trabalhar. À noite, eu estava com febre”, contou a estudante do curso técnico em enfermagem. Moradora da Candangolândia, Graziela suportou o incômodo até a manhã de terça-feira, quando foi a um hospital particular, no Lago Sul, e descobriu que estava com dengue pela segunda vez — a primeira foi em 2013. “Fizeram os procedimentos na triagem, e eu estava com a febre muito alta. Em duas horas, o exame deu positivo”, lamentou a jovem, que seguia com dores até ontem. “Tem sido difícil. Muita dor no corpo e enjoo. Tenho dificuldade para comer. Não consigo me alimentar.”

O caso de Graziele resume a situação alarmante da dengue na capital federal e revela a escalada da doença em 2020. Entre janeiro e fevereiro, a Secretaria de Saúde conformou o aumento de 294% em um mês. De acordo com boletim epidemiológico divulgado ontem, de 29 de dezembro de 2019 a 29 de fevereiro de 2020, foram registradas 7.010 ocorrências, enquanto, de 29 de fevereiro de 2020 a 25 de janeiro deste ano, computaram-se 1.419. Houve seis casos graves, e uma pessoa morreu em 2020.

Das vítimas da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti em janeiro e fevereiro, 6.405 (91,4%) moram no Distrito Federal e 605 (8,6%), em outras unidades da Federação. Ceilândia, com 737 casos, Gama, com 559, e Sobradinho 2, com 434, são as regiões administrativas com maior índice de dengue (veja Em alta).

Segundo Fabiano dos Anjos Martins, gerente de Vigilância das Doenças Transmissíveis, a tendência é de que o número de infecções continue a crescer. “O que a gente tem observado é um aumento semana após semana. Como estamos nesse período de chuvas e de altas temperaturas, é muito propício para a proliferação e para a cocirculação desse vírus, contaminando ainda mais pessoas”, explicou Fabiano.

A estudante de enfermagem Rafaela Fernandes Soares, 21, está com medo de contrair o vírus novamente. Ela teve a doença em 2018. “É muito tenso. A gente fica paranoico. Qualquer mosquito que nos pica, já queremos olhar. A gente se pega para saber se está com febre e repara se o olho está ardendo. Lá em casa, nos prevenimos muito. Evitamos, ao máximo, a água parada. Volta e meia, até quando vejo um copo com água, desviro. Porque só quem teve (dengue) mesmo sabe como é a sensação. É muito ruim”, recorda a moradora de Samambaia Norte.

Tendas

Para facilitar o atendimento, o GDF instalou, no total, 10 tendas de acolhimento. Oito delas ficam em Planaltina, no Guará, em Taguatinga, no Gama, Paranoá, em Brazlândia, na Asa Norte e no Sol Nascente. De acordo com a Secretaria de Saúde, 2.397 pessoas receberam assistência emergencial entre 19 de fevereiro e 2 de março. Outras duas estruturas semelhantes são gerenciadas pelo Instituto de Gestão Estratégica em Saúde (Iges/DF) nas unidades de pronto atendimento (UPAs) de Sobradinho e Ceilândia. Nesses locais, 1.278 pacientes foram atendidos, sendo que 536 tiveram a confirmação da doença. A previsão é de que mais uma tenda seja instalada na UPA de São Sebastião e outras duas no Hospital Regional de Santa Maria.

Segundo o secretário adjunto de Assistência à Saúde, Ricardo Tavares, algumas delas serão redirecionadas a partir de segunda-feira, em função da queda de casos em determinadas localidades. “Planaltina, por exemplo, apresentou uma redução devido às ações desenvolvidas; então, ela deve ser uma das primeiras a ter alteração. A ideia é tirar das proximidades do hospital e colocar próximo às UBSs, que funcionam até as 22h”, informou.

Memória: Estado de emergência

Com a escalada dos índices de dengue no DF, o governador Ibaneis Rocha (MDB) assinou, em 24 de janeiro, um decreto que declara situação de emergência no âmbito da saúde pública. A medida permanece em vigor até junho. “Fica declarada situação de emergência (...) em razão do risco de epidemia de dengue, potencial epidemia de febre amarela e da possível introdução dos vírus zika e chicungunha no Distrito Federal, bem como da alteração do padrão de ocorrência de microcefalias no Brasil”, detalha o decreto.

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