Memed quer ir além das receitas médicas com venda de remédios

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Fonte: Shutterstock

 

by O Estado de S.Paulo

 

A healthtech planeja se tornar uma grande plataforma do acompanhamento médico

Nos últimos dois anos, a startup Memed ganhou fama com a sua plataforma de digitalização de receitas médicas.
Com 2,2 milhões de pacientes e 3,5 milhões de prescrições emitidas todo mês, a companhia se consolidou entre as principais startups de saúde do País.
Agora, a healthtech quer ir além das receitas e planeja se tornar uma grande plataforma do acompanhamento médico, participando desde a consulta até o momento em que o paciente toma os medicamentos prescritos.

 

Além da venda de remédios

O primeiro passo do projeto: o lançamento da plataforma Memed+, e-commerce que permite a compra de mais de 35 mil itens farmacêuticos – incluindo remédios, cosméticos e produtos de higiene pessoal –, de dez redes de farmácias em todo o País.
“Percebemos que, a partir do momento em que o paciente recebia sua prescrição, a experiência se tornava analógica. Ele recebia o link com a receita e precisava ir até uma farmácia fisicamente”, diz o CEO da Memed, Joel Rennó Jr.
O avanço da companhia deve esquentar a disputa pelo delivery de produtos de farmácia, segmento que conta com gigantes como ifood e Rappi. A inexperiência com logística por parte da healthtech não preocupa Rennó. “As entregas serão feitas pelas farmácias parceiras”, explica.
A Memed tem entre seus parceiros 80 mil estabelecimentos de redes como Grupo DPSP (que inclui Drogaria São Paulo e Pacheco), Indiana, Rosário, Rede Farma e Pense Farma.
A saber, farmácias digitais, como Farmadelivery, Qualidoc, Xfarmácia, Far.me e Época Cosméticos, também trabalham com a plataforma.
De acordo com o executivo da Memed, a parceria com farmácias também tem como objetivo atender às regulações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Conselho Federal de Medicina sobre a origem e o transporte de medicamentos.

 

Concorrentes

A Memed não é a única na disputa com as gigantes do delivery.
Na semana passada, a Mevo (novo nome da Nexodata) levantou R$ 45 milhões para expandir um negócio de entrega de medicamentos.
Fundada em 2017, a startup começou focada em receitas digitais e, agora, quer conectar as prescrições às compras online e às entregas rápidas por meio de dark pharmacies (farmácias que trabalham apenas com vendas online). Esse parece ser um caminho inevitável para o segmento.
“Durante a pandemia, houve uma geração enorme de dados de saúde e as empresas de prescrição têm uma janela importante para essas informações”, explica Bruno Porto, sócio da consultoria PWC Brasil. “As empresas de prescrição têm de ir além das receitas para sobreviver. Para o futuro, elas precisam mirar em nossos ‘avatares digitais de saúde’, que levarão todos os nossos dados”, completa.

 

Futuro da Memed

Esse parece ser o plano da Memed, que olha para mais dois segmentos. “Conversei com duas ou três startups que desenvolvem algoritmos de CDS (clinical decision support) para, quem sabe, plugar ao nosso sistema”, diz Rennó, em referência a sistemas de inteligência artificial que ajudam médicos a tomar decisões sobre tratamentos. Durante a pandemia, por exemplo, hospitais no Brasil testaram algoritmos do tipo para tentar entender a evolução de pacientes infectados com a Covid-19.
De acordo com o executivo, uma parceria com startups de CDS poderia gerar ferramentas para os médicos além da possibilidade da prescrição de receitas. Os algoritmos estariam presentes em um estágio anterior às prescrições.
Outro caminho seria atuar na parte final do tratamento: existem healthtechs especializadas no monitoramento de pacientes para, por exemplo, garantir que eles estão tomando os medicamentos. Elas atuam principalmente com pacientes de doenças crônicas, como diabetes. “Desse jeito, a Memed saberia não apenas se o paciente comprou o remédio, mas se houve adesão ao tratamento”, diz.
Embora a Memed esteja capitalizada após dois aportes em 2021, que somam R$ 400 milhões, Rennó descarta uma aquisição para o curto prazo. “Seria interessante uma parceria para ver se o namoro vira casamento”, diz ele.
Para Guilherme Fowler, professor de inovação do Insper, a ampliação do escopo é de fato algo para se ter atenção. “Existe o perigo de perda de foco”, diz ele. Já para Porto, da consultoria PWC Brasil, “as empresas de prescrição precisam olhar para o futuro, mas precisam continuar crescendo no segmento das receitas”.
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