metaverso,  (Foto: Getty Images)

(Foto: Getty Images) 

 

Para palestrantes da NRF 2022, a novidade tem funcionado como campo de testes para conhecer e conquistar o consumidor jovem

 

TATIANA PRONIN, DE NOVA YORK para EPÓCA NEGÓCIOS

 

Você é dessas pessoas que acreditam que metaverso é só mais uma modinha do universo de entretenimento? Pois você corre o risco de ser comparado àqueles indivíduos que, em 1990, tiveram a infelicidade de pensar o mesmo sobre a internet. A alfinetada é de Emma Chiu, diretora de Inteligência da consultoria Wunderman Thompson, que apresentou algumas ideias de como esse “novo mundo” deve afetar os varejistas na NRF 2022 – Retail’s Big Show, principal evento de varejo do mundo, que acontece até esta terça-feira (18) em Nova York.

“O metaverso é uma extensão das nossas vidas, aprimorada pela tecnologia”, define Chiu. Ela observa que os games já fazem parte dele, mas está na hora de as pessoas pararem de achar que a convergência entre real e virtual vai continuar restrita aos amantes de Roblox ou Fortnite. Num futuro breve, será possível fazer compras, cortar o cabelo e “pegar um cinema” com a turma enquanto você saboreia a pipoca que acabou de ser entregue na sua porta. Não é à toa que Burberry, Visa e Coca-Cola, entre uma infinidade de outras empresas, estão brigando para abraçar o pioneirismo.

A palestrante cita uma pesquisa recente feita pela Wunderman Thompson Data com 15 especialistas e mais de 3.000 participantes dos EUA, China e Reino Unido, para convencer os varejistas a abrir os olhos: 93% dos consumidores acreditam que a tecnologia é o nosso futuro; 76% dependem dela para executar suas atividades diárias; e mais da metade (52%) entende que até sua felicidade está subordinada ao mundo digital.

Como já escreveu o investidor e teórico Matthew Ball, não vai existir um limite muito claro entre “antes do metaverso” e “depois do metaverso”. Esse novo ambiente vai ganhar força aos poucos, com diferentes serviços, produtos e possibilidades integradas. De acordo com o estudo da Wunderman, o processo já começou, com as recentes inovações nas tecnologias de realidade virtual e realidade aumentada – algo que se acelerou em consequência da pandemia.

 

Bens virtuais

Emma Chiu conta que o metaverso não será apenas o lugar perfeito para comprar viagens, shows e outras experiências em 3D e 360 graus. As pessoas vão passar a ter posses virtuais, como, quem sabe, um Aston Martin que você pode dirigir sem ter uma carteira de habilitação física, ou uma luxuosa casa na praia sem risco de assalto.

vestido virtual (Foto: Reprodução)

Vestido virtual criado pelo estúdio de moda digital The Fabricant (Foto: Reprodução)

 

Se você acha que um carro feito de pixels ou holografia pode, pelo menos, caber no seu bolso, é bom se preparar para o pior. Muita gente já tem pago fortunas por produtos virtuais, como os US$ 9.500 pagos por um vestido criado pelo estúdio de moda digital The Fabricant, que foi a leilão em 2019. Uma bolsa digital da Gucci foi vendida por US$ 4 mil no Roblox em junho último. E a Nike anunciou a compra, em dezembro, da startup RTFKT, que vendeu 600 pares de tênis digitais em apenas sete minutos, faturando mais de US$ 3 milhões.

 

Publicidade imersiva

Para voltar à realidade mais próxima de todos nós, Chiu aborda outras tendências importantes ligadas ao metaverso que já têm sido utilizada com sucesso – a publicidade “gamificada” e as lojas digitais, que podem tanto partir de flagships reais, como partir do zero. Na CES 2022, uma das maiores feiras de tecnologia do mundo, a P&G apresentou espaços imersivos em que as pessoas podiam interagir com seu portófio, por exemplo. E a Hyundai lançou uma experiência semelhante no ano passado para os usuários do Roblox. “Os jovens ainda não podem comprar um carro, então por que colaborar com a Roblox? Para saber como atingir as novas gerações”, ensina a expert.

Outra palestrante celebrada na NRF 2022, a CEO da GDR Creative Intelligence, Kate Ancketill, lembra que a geração Z já representa 36,7% da população mundial, “vive e respira o omnichannel desde o nascimento” e, junto com a geração alfa, vão compor metade da população mundial até 2030. Para esses jovens, entrar num site para fazer compras é algo muito chato, e faz muito mais sentido adquirir produtos direto das redes sociais em que estão inseridos.

Para Eduardo Yamashita, diretor de operações da Gouvêa Ecosystem, consultoria de varejo que traz brasileiros para NRF há mais de 30 anos, é importante estar próximo da tendência, até mesmo para testar formas de alcançar esse público mais jovem. Mas as incertezas sobre “como colocar esse ovo em pé” permanecem, já que ainda existem muitos obstáculos pela frente, como o desconforto que os equipamentos de realidade virtual produzem, entre outros.

“As empresas têm aproveitado o hype para não perder a tração e demonstrar pioneirismo, mas ninguém sabe qual vai ser o tamanho desse mercado no futuro”, opina. É algo que veio para ficar, sem dúvida, mas que talvez se cristalize apenas como uma estratégia a mais. “É como criptomoeda: é um mercado, mas não muda a forma como fazemos varejo”.

 

 

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