Microfone aos porcos: com base em algoritmo, tecnologia consegue detectar mudanças nos padrões de tosse dos suínos (Boehringer Ingelheim/Divulgação)
Ferramenta registra sons que os porcos emitem e, caso seja detectado algum sinal de dificuldade respiratória, o sistema envia um alerta para o telefone do pecuarista
Pouco mais de um ano à frente da unidade de negócios, o executivo conversou com a EXAME sobre a necessidade de avançar na sofisticação da pecuária brasileira. Isso inclui manter o reconhecimento do país no mercado internacional por ser livre de casos de vaca louca, peste suína africana e gripe aviária -- esta, em plantéis industriais. Para isso, ele aposta na inteligência artificial.
A empresa possui 98% do portfólio voltado a soluções preventivas, a exemplo de vacinas. Xavier Andivia quer ir além e incorporar a IA no trabalho de prevenção e predição de doenças. Como exemplo, ele cita uma microfone que escuta a respiração dos suínos e identifica se algo está fora do esperado.
Pecuária de precisão
Através de câmeras, microfones e sensores, a pecuária de precisão busca apoiar os produtores a tomarem melhores decisões, com base na realidade instantânea dos animais. A agilidade no manejo com o plantel, segundo o head da Boehringer Ingelheim, é essencial em um contexto mundial cuja procura por proteína animal deve aumentar em 70% até 2050.
No cinturão agrícola dos Estados Unidos, a farmacêutica já roda destes com microfones de alta tecnologia em parceria com a empresa belga SoundTalks NV. A ferramenta registra os sons que os porcos emitem 24 horas por dia, 7 dias por semana, e com base em um algoritmo consegue detectar mudanças nos padrões de tosse dos suínos, antes que a maioria dos ouvidos humanos seja capaz.
Caso seja detectado algum sinal de dificuldade respiratória, o sistema envia um alerta para um aplicativo no telefone do pecuarista. Dessa maneira, a gestão da produção tende a ser mais precisa por permitir avaliar individualmente qual animal está saudável, além de evitar remédios desnecessários.
"Com a inteligência artificial, o veterinário pode fazer recomendações de tratamento que evitem que todos os suínos peguem alguma doença juntos, por exemplo", diz Xavier Andivia. Ele não arrisca dizer quando a tecnologia chega ao Brasil, mas afirma que o país já é considerado um mercado potencial.
Resultados de 2022
Com uma clientela de 148 milhões de animais entre pets, aves, suínos e ruminantes, a Boehringer Ingelheim chegou ao valor de 4 bilhões de euros em vendas líquidas em 2022. Deste montante, 10% é investido em inovação, a exemplo das ferramentas de inteligência artificial.
No segmento de suínos, a registrou um crescimento de 14,5% em 2022, conquistando 29% do mercado. Na indústria de aves, a Boehringer Ingelheim obteve um crescimento de 35% durante o ano de 2022, alcançando 30% do mercado Incubatório.
Em relação ao setor de ruminantes, a empresa registrou um crescimento mais tímido, de 3,3 pontos percentuais para a pecuária de corte 0,2 p.p. no segmento de leite. Ainda assim, a farmacêutica segue sendo uma das principais empresas do segmento.
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