Acima, imagens da ferida da paciente nos dias e meses após o acidente. A cicatrização ocorreu apenas quatro meses depois - Imagem: Reprodução/CDC
Do VivaBem, em São Paulo
Uma funcionária de um laboratório de 26 anos injetou acidentalmente um vírus relacionado à varíola, chamado vaccinia, no próprio dedo, em San Diego, na Califórnia. O caso ocorreu em dezembro de 2018, mas somente foi reportado no periódico científico Morbidity and Mortality Weekly Report na sexta-feira (25).
A mulher machucou o dedo indicador enquanto injetava o vírus na cauda de um camundongo. Após enxaguar a mão por 15 minutos, notificou seus supervisores e visitou um departamento de emergência local. Ela se recusou a se vacinar contra a varíola quando começou a trabalhar no laboratório, em setembro daquele ano.
O vírus vaccinia é semelhante ao da varíola, mas é menos prejudicial e não causa varíola. Mesmo assim, a vaccinia é o vírus usado para fazer a vacina contra a enfermidade grave.
No décimo dia após o machucado, ela foi examinada em uma clínica, mas os médicos notaram apenas uma única lesão na pele, no local da picada da agulha. O médico que a atendeu, entretanto, entrou em contato com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) e a Agência de Serviços Humanos e de Saúde do Condado de San Diego, que aconselhou o monitoramento quanto a evidências de agravamento da infecção.
Dois dias depois ela começou a ter febre, dor e o dedo começou a inchar, inflamar e a ficar preto —sinal de que o tecido estava morrendo.
A funcionária então recebeu uma dose de globulina imune à vaccinia, que consiste em anticorpos derivados de pessoas já vacinadas contra a doença. Além disso, ela iniciou um tratamento oral de 14 dias com um medicamento chamado tecovirima, que recentemente foi aprovado pela FDA (agência reguladora de alimentos e medicamentos) contra a varíola. Antibióticos complementaram o tratamento, para prevenir uma infecção por bactérias na ferida.
Após 48 horas do tratamento, a febre desapareceu e a dor e o inchaço no dedo diminuíram, segundo o relatório. Ainda assim, áreas de tecido necrótico (morto) em seu dedo não cicatrizaram completamente por meses. O escritório de saúde em que ela trabalhava a afastou do laboratório por aproximadamente quatro meses, devido à necrose local e ao risco de transmissão do vírus.
O relatório diz que o caso mostra a importância de os laboratórios recomendarem a vacinação de todos os funcionários que entram em contato com os vírus, a menos que a imunização seja contraindicada clinicamente. O caso da funcionária foi o primeiro a usar o tecovirimat para uma infecção por vaccinia adquirida em laboratório.
Fonte: Manchetes do Dia
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