Por Folha de São Paulo
O mercado de clínicas de hemodiálise no Brasil deverá passar por uma nova onda de aquisições liderada por multinacionais do segmento.
O investimento externo no setor, permitido desde 2015, tem sido crescente. “Há entre 50 e 70 centros nas mãos das estrangeiras, e a tendência é de consolidação”, diz Carmen Tzanno, da Sociedade Brasileira de Nefrologia.
O Brasil tem hoje cerca de 750 clínicas de hemodiálise. Dessas, 70% são privadas, 22% filantrópicas e 8% públicas, segundo a entidade. O SUS (Sistema Único de Saúde) arca com o tratamento de 86% dos pacientes.
“O reembolso do governo é muito pequeno e não tem reajuste há anos, o que deixou o setor endividado”, diz Edson Pereira, da alemã Fresenius, que fabrica insumos e também tem uma rede de centros.
style="display:block; text-align:center;" data-ad-layout="in-article" data-ad-format="fluid" data-ad-client="ca-pub-6652631670584205" data-ad-slot="1871484486">Os pontos mais visados pela companhia, que comprou duas unidades em 2018, estão localizados no Sul e no Sudeste, que têm rede privada maior.
A Baxter, indústria de produtos para pacientes com doença renal que administra três clínicas, confirma que a consolidação é tendência, mas não revela seus planos de expansão.
“As fabricantes de insumos ganham na escala, usam os próprios produtos. A depreciação do real frente ao dólar e a fragmentação do setor também tornam o Brasil atraente”, diz Tzanno.
A DaVita, que tem 27 clínicas, comprou 10 no último ano e prevê fechar 2018 com 30 unidades. A empresa investe na construção de centros, além das aquisições.
“Nossa expansão por compras continuará em áreas onde já operamos”, diz o diretor de operações, Bruno Haddad.
“O risco é que haja cartelização, como ocorreu nos Estados Unidos. As corporações poderão pressionar o governo para obter melhores preços”, diz o presidente da Pró-Renal, Miguel Riella.
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