Reportagem de Daniela Amorim e Idiana Tomazelli, da sucursal do Rio, no Estado de domingo, revela que o número de empregos industriais caiu do recorde em 11 anos de 3,769 milhões, em junho de 2011, para 3,544 milhões, em novembro de 2013 - isto é, 225 mil vagas a menos em 29 meses. E um elemento complica um pouco mais esse quadro: não se sabe se os recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) que o governo federal oferece para a preparação ou reciclagem da mão de obra estão permitindo, de fato, qualificar os trabalhadores que já não encontram vaga na atividade que desempenhavam. E que precisam estar aptos a começar uma nova atividade, com todos os desafios provocados pela revolução tecnológica, pela exigência de educação de qualidade e, às vezes, pela necessidade de vencer o analfabetismo funcional.
Os números sobre o crescimento do desemprego na indústria foram extraídos de fonte oficial, a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE. Entre 2012 e 2013, o problema se agravou: só nos primeiros 11 meses do ano passado, 117 mil vagas foram cortadas nas seis principais regiões metropolitanas do País. Numa comparação entre novembro de 2012 e novembro de 2013, diminuiu a ocupação não só na indústria, mas também na construção civil e nos serviços domésticos.
Há, de fato, uma tendência de redução do emprego industrial, admitiu o presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), Simon Schwartzman. O problema é que o fenômeno está ocorrendo com rapidez. A maioria dos desempregados na indústria busca atividade no setor de serviços. Na indústria a remuneração é, em média, melhor, mas diminuiu a distância entre os salários pagos na indústria e nos serviços. A questão mais delicada é a qualificação do trabalhador. E se este emprega a indenização recebida por ocasião da dispensa para abrir um negócio próprio, o risco também é elevado. Segundo o Sebrae, 30% das empresas desaparecem nos primeiros dois anos de vida.
A mobilidade dos trabalhadores - da indústria para os serviços - foi favorecida, nos últimos anos, pelos índices recordistas de emprego, em que a desocupação registrada tem níveis inferiores a 5%, segundo o IBGE. Nem há, por ora, indícios de deterioração do emprego em geral; persiste, isso sim, a escassez de mão de obra qualificada. A questão é a resposta dos desempregados à exigência de qualificação. E não há uma solução clara para esse problema.
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