Natura inaugurou, em fevereiro, agroindústria de óleos essenciais em Santo Antônio do Tauá (PA)
Com 17 biofábricas, a Natura está investindo na valorização da biodiversidade amazônica e na geração de renda para as comunidades locais. Em fevereiro, a empresa de cosméticos inaugurou uma agroindústria de óleos essenciais na comunidade Campo Limpo, em Santo Antônio do Tauá (PA), que vai beneficiar dezenas de jovens que antes pensavam em deixar a agricultura familiar. Informou o Valor Econômico.
A nova fábrica vai processar cerca de 150 toneladas anuais de plantas nativas, como pataqueira, estoraque, priprioca e capitiú, que são usadas na perfumaria da Natura. Com isso, a renda bruta da comunidade deve aumentar 60%, passando de R$ 800 mil para R$ 1,3 milhão por ano. Além disso, os produtores poderão desenvolver outros produtos derivados dos óleos essenciais, como velas e essências aromáticas.
Esse projeto faz parte da estratégia da Natura de agregar valor na origem e incentivar a conservação da floresta em pé. Das 41 comunidades amazônicas que fornecem insumos para a empresa, 17 já possuem biofábricas.
A meta é chegar a 55 comunidades até 2030 e quadruplicar o valor pago pelos insumos. Segundo Angela Pinhati, diretora de sustentabilidade de Natura &Co América Latina, essa é uma forma de reconhecer o papel das comunidades na proteção da biodiversidade e na produção de cosméticos naturais e sustentáveis.
Em Benevides (PA), há uma unidade de sabonetes desde 2014, com centro de pesquisa em novos bioativos, vem expandir o relacionamento com fornecedores. “Mantemos relação de fair trade [comércio justo] e negociação de custos transparente, criando condições para que as comunidades prosperem, com pagamento pelo acesso ao conhecimento tradicional”, reforça Pinhati.
No Pará, a Natura aposta no modelo agroflorestal com árvores de dendê e outras espécies, para produção de óleo de palma, hoje oriundo de monocultura. A meta é atingir 500 hectares neste ano, com cerca de dez produtos.
A iniciativa engloba produtores de Tomé-Açu (PA), descendentes de imigrantes japoneses que chegaram à região em 1929 para plantar arroz, cacau e seringueira.
Após pragas e outros percalços, o grupo obteve apoio do governo do Japão para plantar maracujá e pimenta do reino junto a culturas perenes, como cacau e dendê, sem desmatar novas áreas. Hoje, o sistema agroflorestal, com selo de certificação, é o modelo reinante. “É a melhor opção para áreas degradadas e para reduzir o problema da mudança climática que já afeta a nossa produção”, diz Alberto Oppata, presidente da Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu.
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