Neurônios cultivados em laboratório são nova esperança contra doença de Parkinson

Os pesquisadores implantaram células-tronco pluripotentes induzidas (iPSCs) para substituir os neurônios produtores de dopamina destruídos pela doença de Parkinson.
[Imagem: Shireen Dooling/Biodesign Institute/ASU]
 
 
 
Redação do Diário da Saúde

 

 

Implante de novos neurônios

Os sintomas mais óbvios da doença de Parkinson surgem depois que a doença danifica uma classe específica de neurônios localizados no mesencéfalo.

O efeito desse dano é "pilhar" a dopamina do cérebro, um neurotransmissor-chave produzido pelos neurônios afetados.

A equipe do professor Benjamin Hiller, da Universidade do Estado do Arizona (EUA), acredita que uma técnica promissora para contra-atacar essa neurodegeneração está no implante de novas células sadias.

Para isso, eles desenvolveram um processo para converter células não-neuronais em neurônios funcionais, capazes de residir no cérebro, enviar seus ramos fibrosos através do tecido neural, formar sinapses e, mais importante neste caso, produzir e liberar dopamina, eventualmente restaurando as capacidades prejudicadas pela destruição das células dopaminérgicas pelo Parkinson.

Essas células engenheiradas são conhecidas como iPSCs, sigla em inglês para células-tronco com pluripotência induzida.

 

Forma genética de Parkinson

É ainda apenas uma prova de conceito, mas os experimentos revelaram que um grupo de células projetadas experimentalmente apresentou um desempenho ideal em termos de sobrevivência, crescimento, conectividade neural e produção de dopamina, quando foram implantadas no cérebro de ratos.

Os experimentos demonstraram que o resultado desses enxertos neurais é efetivamente reverter os sintomas motores similares aos geradores pela doença de Parkinson.

Com os bons resultados, a abordagem futurística será em breve posta à prova no primeiro ensaio clínico do gênero, numa população específica de doentes de Parkinson, que apresenta uma mutação no gene chamado parkin.

"Não poderíamos estar mais entusiasmados com a oportunidade de ajudar indivíduos que sofrem desta forma genética da doença de Parkinson, mas as lições aprendidas com este ensaio clínico também afetarão diretamente os pacientes que sofrem de formas esporádicas ou não genéticas desta doença," disse o pesquisador Jeffrey Kordower, membro da equipe.

 

Neurônios gerados de células-tronco

Os experimentos com as cobaias incluíram iPSCs cultivadas por 24 e 37 dias. As cultivadas por 17 dias antes de sua diferenciação em neurônios dopaminérgicos foram marcadamente superiores, capazes de sobreviver em maior número e enviar seus ramos por longas distâncias. "Isso é importante," disse Kordower, "porque elas terão que crescer longas distâncias no cérebro humano maior e agora sabemos que essas células são capazes de fazer isso".

Os animais tratados com as iPSCs de 17 dias mostraram uma recuperação notável dos sintomas motores similares aos da doença de Parkinson. O estudo demonstrou ainda que este efeito é dependente da dose: Quando um pequeno número de iPSCs foi enxertado no cérebro do animal, a recuperação foi insignificante, mas um grande complemento de células produziu ramificações neurais mais profusas, gerando uma reversão completa dos sintomas.

Além disso, o tratamento poderá ser combinado com terapias existentes para tratar a doença de Parkinson. Uma vez que o cérebro tenha sido semeado com células de reposição produtoras de dopamina, doses mais baixas de drogas como a L-DOPA podem ser usadas, mitigando os efeitos colaterais e aumentando os resultados benéficos, prevê a equipe.

 
Checagem com artigo científico:

Artigo: Optimizing maturity and dose of iPSC-derived dopamine progenitor cell therapy for Parkinsons disease
Autores: Benjamin M. Hiller, David J. Marmion, Cayla A. Thompson, Nathaniel A. Elliott, Howard Federoff, Patrik Brundin, Virginia B. Mattis, Christopher W. McMahon, Jeffrey H. Kordower
Publicação: Regenerative Medicine
Vol.: 7, Article number: 24
DOI: 10.1038/s41536-022-00221-y
 
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