A Drogaria Nissei, uma das maiores redes de farmácias do Brasil, com origem no Paraná, está em expansão refletindo a dinâmica do mercado farmacêutico nacional. A proposta de aquisição de 32 lojas da rede Santa Marta, que passa por um processo de recuperação judicial, é um exemplo claro da estratégia agressiva da empresa para aumentar sua presença geográfica no país.
Esta potencial aquisição, avaliada em R$ 30,1 milhões, posiciona a Nissei como um "stalking horse" no leilão, uma tática que lhe permite ter a preferência para cobrir outras ofertas. Este movimento não é isolado, pois segue uma série de aquisições bem-sucedidas, incluindo a compra da Merco, uma distribuidora de medicamentos especializados, e cerca de 50 lojas da Poupafarma, adquiridas também em leilão. Informou o Pipeline.
A Nissei, tradicionalmente forte na região Sul, tem ampliado seu território para além das fronteiras estaduais, marcando presença na capital paulista e no litoral de São Paulo. A incorporação da Santa Marta poderia significar uma expansão ainda mais significativa, estendendo o alcance da Nissei para o centro-oeste do Brasil, com pontos estratégicos em cidades como Brasília e Goiás.
O CEO da Drogaria Nissei, Alexandre Maeoka, destaca a eficiência da empresa em reativar operações de lojas adquiridas, como foi o caso da Poupafarma, onde as unidades foram reabertas em apenas 90 dias após a aquisição. A expectativa é que o processo com a Santa Marta seja ainda mais ágil, considerando que as lojas continuam operando.
Com a abertura de 30 novas lojas anualmente e um total de 421 pontos de venda até o último mês, a Nissei iniciou o ano de 2024 com o objetivo ambicioso de adicionar 80 novas lojas ao seu portfólio. A aquisição das lojas da Santa Marta representaria um grande passo em direção a esse objetivo, praticamente assegurando seu cumprimento.
Além da expansão geográfica, a Nissei também se destaca pelo seu conceito de drugstore, oferecendo uma variedade de produtos que dobra a média de uma farmácia convencional, com aproximadamente 16 mil SKUs. A estratégia de diversificação de produtos, incluindo itens de conveniência como pão, leite e sorvete, tem atraído um público diversificado, focando principalmente nas classes C e B.
No ano passado, a holding familiar que controla a Nissei fez uma dívida estruturada com a gestora Farallon, já visando acelerar a expansão da rede. “Crescer mais rápido traz duas grandes dores que as pessoas costumam ignorar. Uma é a maior necessidade de fluxo de caixa e outra é o custo de manutenção que toda nova loja traz”, diz o CFO André Lissner, explicando a busca por funding adicional.
Este cenário evidencia a capacidade de adaptação e inovação da Drogaria Nissei frente aos desafios e oportunidades do mercado farmacêutico brasileiro. A empresa demonstra não apenas uma visão estratégica para crescimento e consolidação, mas também um compromisso com a acessibilidade e a conveniência para seus clientes. À medida que a Nissei avança em seu plano de expansão, ela reforça sua posição como uma das líderes do setor, moldando o futuro do varejo farmacêutico no Brasil.
No primeiro trimestre, a Nissei teve receita de R$ 725,7 milhões, alta de 10% na comparação anual, e Ebitda de R$ 26 milhões, com margem Ebitda de 5,35% - ante 3,58% um ano antes. A margem Ebitda da Panvel, por exemplo, no trimestre, foi de 4,6%. No consolidado de 2023, a companhia da família Maeoka faturou R$ 2,71 bilhões e teve Ebitda de R$ 177 milhões, alta de 3%.
A credora pode ter remuneração adicional num evento de liquidez como um IPO, mas a companhia diz a intenção de oferta não está relacionada ao financiamento. “Podemos quitar de outras formas, como já fizemos. O IPO é um desejo da empresa mesmo, que já tem uma governança muito avançada”, diz Lissner.
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