por O Globo
Jornalista: Renato Grandelle

01/10/19 - Uma nova doença, com sintomas semelhantes ao da leishmaniose, foi descoberta recentemente em Sergipe e já teria infectado cerca de 150 pessoas, provocando dois óbitos.

A pesquisa foi conduzida por pesquisadores da USP, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Universidade Federal do Sergipe (UFS) e publicada na revista "Emerging Infectious Diseases". A análise do genoma constatou que o parasita não pertence ao gênero Leishmania, o causador da leishmaniose.

O micro-organismo se parece com a espécie Crithidia fasciculata , que infecta apenas insetos. O parasita recém-descoberto, no entanto, também pode infectar mamíferos. Ele ainda não foi descrito, e a enfermidade que provoca não foi nomeada. Este processo será realizado a partir de novos estudos, previstos para os próximos meses.

A leishmaniose, uma doença endêmica em 76 países, é transmitida pela picada do mosquito-palha. Em sua forma mais grave, conhecida como leishmaniose visceral, pode afetar órgãos internos, como o baço, o fígado e a medula óssea. A taxa de óbitos provocada pela doença aumentou nos últimos anos, passando de 3,1% em 2000 para 7,1% em 2012.

— O aumento da letalidade da leishmaniose visceral no Brasil pode estar ligado ao surgimento de uma nova doença parecida com a leishmaniose, porém mais grave, que não responde ao tratamento, e que é causada pelo novo parasita que foi descoberto — explica Roque Pacheco de Almeida, pesquisador da UFS.

O primeiro caso constatado foi em 2011, em Aracaju, em um homem de 60 anos. Apesar de apresentar os sintomas de leishmaniose visceral — como febre irregular, anemia e perda de peso —, o paciente teve lesões cutâneas disseminadas pelo corpo, uma característica que não é associada à doença. Ele não respondeu aos tratamentos convencionais e morreu no ano seguinte.

A bióloga e imunologista Sandra Maruyama, pesquisadora da UFSCar, fez o sequenciamento genético do parasita e confirmou, em 2015, que tratava-se de uma espécie ainda desconhecida.

— Estamos desenvolvendo testes moleculares para a identificação específica do novo parasita. Queremos saber se esta espécie é endêmica da área de Sergipe ou se está distribuída pelo país — explica Sandra, que contou com o financiamento à pesquisa de apoio Jovem Pesquisador Fapesp.

Para Sandra, as mudanças climáticas contribuirão para a difusão da doença, já que os insetos, que são vetores da enfermidade, têm seu ciclo de vida influenciado pelo aquecimento global e pela urbanização.

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