Para ampliar as vendas no Brasil, uma das principais apostas da farmacêutica é o lançamento de novos produtos. Nos últimos três anos, a suíça investiu mais de R$ 220 milhões em pesquisa clínica no País. Neste ano, a Novartis prevê destinar 10% da receita líquida da filial brasileira para a área de P&D (pesquisa e desenvolvimento). Considerando que no ano passado o faturamento local foi de R$ 3 bilhões, e que a expectativa é ampliar a receita este ano, o valor será superior aos R$ 300 milhões. Na divisão de oncologia (segunda maior geradora de receitas do grupo, globalmente e também no Brasil), serão pelo menos dois lançamentos em 2018.
Na Sandoz, que produz biossimilares e genéricos, 60 produtos chegarão ao mercado, mas a grande parte extensões de linhas já existentes. Globalmente, os valores destinados a inovação são ainda mais superlativos. Em 2017, foram investidos US$ 9 bilhões em pesquisa e desenvolvimento – ou 20% da receita líquida global de US$ 49,1 bilhões – e a meta é manter essa fatia também para este ano. Até 2023, a Novartis planeja lançar 50 novos produtos no mundo, sendo que todos chegarão ao Brasil. “Não são inovações marginais. São todas disruptivas”, afirma Gibim.
A Novartis está desenvolvendo, por exemplo, pesquisas na área de terapia genética, para a produção de medicamentos para reverter a cegueira e para o tratamento da leucemia. Atualmente, existem 63 estudos clínicos em andamento, sendo 50 na área de oncologia e 13 na unidade de fármacos. Para Pedro Bernardo, presidente-executivo da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), o ritmo de lançamentos previsto pela Novartis é expressivo. “É um ritmo muito acelerado”, afirma ele. “Se ela cumprir a previsão será muito significativo tanto para a indústria quanto para o Brasil.”
O líder: o CEO global da Novartis, Vasant Narasimhan, assumiu em fevereiro com o desafio de reesruturar a companhia (Crédito:AFP Photo / Ruben Sprich)
Com a ajuda dos lançamentos, a expectativa da Novartis para o mercado brasileiro é retomar a rota de crescimento, após registrar receita estável em 2017. Nos primeiros seis meses deste ano, as vendas cresceram 7%, acima da expansão global da empresa, de 5%. Segundo Gibim, há espaço para ampliar ainda mais esse ritmo até o fim do ano. “O segundo semestre é, tradicionalmente, mais forte para a indústria. Em parte, pelas compras governamentais que acontecem no fim do ano”, afirma o executivo. “Temos todas as condições para aumentar essa taxa de expansão.”
Na presidência da filial brasileira, Gibim terá de lidar, também, com as transformações que ocorrem na matriz. A Novartis vem colocando em curso, nos últimos anos, uma série de mudanças que passam, essencialmente, pela redução das áreas de negócio do grupo, com o objetivo de se transformar em uma empresa apenas de medicamentos. Nesse processo, a companhia vendeu, em 2015, suas áreas de vacinas e de saúde animal. Em março deste ano, se desfez de sua participação em uma joint venture com a GSK, por US$ 13 bilhões. Um mês depois, comprou a AveXis, focada em doenças raras, por US$ 8,7 bilhões.
No início deste ano, outra grande mudança foi posta em prática: a separação de sua divisão de oftalmologia, a Alcon. A previsão é que o processo seja concluído no início de 2019. Gibim explica que no Brasil a área também se tornará uma empresa independente, mas que o impacto não deve ser grande. “Para a Novartis, a mudança será muito boa, porque ela se tornará 100% focada em medicamentos e com uma capacidade maior de investimentos e de gerar inovação nessa área”, diz o executivo. Diante das mudanças, os desafios do novo presidente da filial não serão fáceis. Mas Gibim, que antes de entrar no mundo corporativo tinha o sonho de ser piloto de aviões de caça, parece ter a disciplina e a visão para levar a subsidiária a uma nova trajetória de expansão.
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