Em 2019, a Novo Nordisk deixou de pagar uma taxa anual de manutenção de patente no valor de apenas US$ 450 à autoridade de patentes do Canadá. Esse pequeno deslize administrativo resultou na extinção definitiva da patente da semaglutida no Canadá — princípio ativo dos medicamentos Ozempic e Wegovy — no segundo maior mercado da substância no mundo.
A legislação canadense é clara: uma vez extinta, a patente não pode ser restaurada. Isso abriu caminho para que empresas de genéricos, como a Sandoz, se preparassem para lançar versões genéricas da semaglutida já em 2026, tanto no Canadá quanto no Brasil.
Impactos no mercado global
A perda da patente no Canadá antecipa uma corrida por genéricos que só era esperada para 2032 nos Estados Unidos. Isso pode acelerar a erosão de mercado da Novo Nordisk, que faturou cerca de US$ 19 bilhões com o Ozempic globalmente em 2024. No Canadá, o medicamento foi o mais vendido em farmácias no último ano, com US$ 2,5 bilhões em vendas.
Além disso, a empresa já enfrenta forte concorrência da Eli Lilly, fabricante do Mounjaro, que superou as vendas do Wegovy nos EUA.
Em entrevista, Richard Saynor, CEO da Sandoz, empresa de genéricos, destacou a oportunidade de lançar uma versão genérica no Canadá e Brasil já em 2026. Ele critica a falta de atenção da Novo ao mercado canadense e aponta a força da demanda transfronteiriça, como ocorre com a insulina. A perda da patente no Canadá acelera a corrida por versões genéricas, antecipando um embate antes previsto apenas para 2032 nos EUA.
Reflexos no Brasil
No Brasil, a patente da semaglutida também expira em 2026, e a expectativa é que os genéricos cheguem ao mercado no final desse mesmo ano. A Anvisa exige que medicamentos genéricos tenham preço pelo menos 35% menor que o de referência, o que pode tornar o tratamento mais acessível para milhões de brasileiros.
Resposta da Novo Nordisk
Apesar do revés, a empresa afirma estar preparada para enfrentar a concorrência. Em entrevista coletiva, a executiva Camilla Sylvest declarou:
“As patentes são importantes para a inovação. É uma pena que em alguns países elas caiam tão cedo, mas estamos preparados para encarar a competição”.
A farmacêutica também anunciou novos lançamentos, como a cagrisema (combinação de semaglutida com cagrilintida) e uma versão em comprimido mais eficaz do Ozempic, prevista para 2026.
Fontes: Metrópoles, Guia da Farmácia
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