Novo Nordisk terá venda direta de remédio para perda de peso nos EUA, o preço do Wegovy é de cerca de US$ 1.350 por mês.
Novo Nordisk busca novo serviço para competir com farmácias de manipulação; Wegovy será vendido com desconto
Seguindo os passos da concorrente Eli Lilly, a Novo Nordisk anunciou o lançamento de sua plataforma direta ao consumidor, a NovoCare Pharmacy, que permitirá a venda de seu renomado medicamento para perda de peso, o Wegovy, diretamente a pacientes dos Estados Unidos a preços reduzidos. A iniciativa foi revelada na última quarta-feira (5) e promete atender pacientes que pagam em dinheiro por um custo mensal de US$ 499 – uma redução significativa em relação ao preço original, que gira em torno de US$ 1.350 mensais.
A oferta tem como foco pacientes sem seguro de saúde ou cujos seguros comerciais não incluem cobertura para medicamentos voltados ao tratamento da obesidade. A estratégia é uma resposta direta à crescente demanda por soluções acessíveis e ao desafio de combater a proliferação de versões manipuladas de medicamentos que não seguem o mesmo rigor de aprovação dos produtos oficiais.
“Essa estratégia tem como alvo direto as farmácias de manipulação”, comentou Evan David Seigerman, analista da BMO Capital Markets, ao destacar que a medida pode trazer impactos positivos para as ações da Novo Nordisk, que enfrentaram uma queda de cerca de 26% nos últimos 12 meses.
Concorrência acirrada e modelos diretos ao consumidor
A Novo Nordisk segue os passos da rival Eli Lilly, que no ano passado lançou a plataforma LillyDirect para vender seu medicamento Zepbound diretamente a pacientes. Assim como o Wegovy, o Zepbound é amplamente utilizado para controle de peso e já viu 10% de seus novos usuários adquirirem o medicamento diretamente da companhia.
No entanto, algumas diferenças estratégicas surgem entre as abordagens. Enquanto a Novo exige que os pacientes apresentem uma receita prévia para adquirir o Wegovy, a Lilly conecta usuários sem receita a provedores de saúde virtuais, ampliando o alcance do medicamento. Essa diferença, segundo analistas, pode criar pontos de atrito na adesão à plataforma da Novo.
Outra distinção está no formato do medicamento: o Wegovy será disponibilizado em canetas com agulhas ocultas, enquanto a Lilly fornece o Zepbound em frascos com agulhas e seringas.
Demanda crescente e o impacto do acesso direto
A pandemia da Covid-19 e a subsequente expansão dos serviços de saúde digital, como plataformas de telessaúde, impulsionaram a busca por soluções convenientes e acessíveis para os pacientes. A escassez temporária dos medicamentos da Novo e da Lilly também contribuiu para um aumento no consumo de versões manipuladas, uma prática que agora enfrenta restrições impostas pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA).
Com a normalização do fornecimento, a expectativa é que os modelos diretos ao consumidor possam oferecer mais segurança e controle sobre o acesso aos medicamentos. Além disso, ambos os medicamentos – Wegovy e Ozempic, da Novo Nordisk – estão na lista de tratamentos cujos preços estarão sujeitos à negociação pelo governo norte-americano, com o objetivo de reduzir custos e gerar uma economia estimada de US$ 200 bilhões em uma década.
Perspectivas e tendências do mercado farmacêutico
O movimento da Novo Nordisk reflete um cenário de transformações na indústria farmacêutica, onde fabricantes buscam expandir seu alcance diretamente ao consumidor, além de enfrentar desafios como a concorrência com farmácias de manipulação e a pressão regulatória sobre preços.
A entrada de gigantes como a Pfizer, que no ano passado lançou uma plataforma para consultas virtuais e prescrição de medicamentos, reforça a tendência de digitalização e personalização dos serviços farmacêuticos.
No entanto, a viabilidade e o sucesso dessas iniciativas ainda dependem da aceitação dos pacientes, da competitividade dos preços e da eficácia das estratégias em atender demandas complexas, como o combate à obesidade, que afeta milhões de pessoas nos Estados Unidos.
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