Quando ciência de ponta não é suficiente, como fazer para impulsionar a geração de valor?

A indústria farmacêutica tem muito o que comemorar. Na última década, grandes avanços terapêuticos, como imunoterapia, terapia celular e terapia gênica, deram nova esperança aos pacientes. As vacinas contra a covid-19 foram desenvolvidas em tempo recorde para ajudar a salvar o mundo durante a pandemia.

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Mas ao longo desse mesmo período de inovação revolucionária, as empresas farmacêuticas não conseguiram acompanhar o ritmo do mercado de capitais. Na verdade, os retornos das empresas farmacêuticas ficaram cerca de 33% abaixo do índice S&P 500 – e as de biotecnologia se saíram ainda pior.

Analisando o desempenho das ações das 50 maiores empresas farmacêuticas, a divisão entre os líderes e os retardatários vem aumentando. Em 2021, o retorno total para o acionista (TSR, na sigla em inglês) em um período de cinco anos para as farmacêuticas no quintil superior aumentou 29%, em comparação a um declínio de 11% no quintil inferior, de acordo com uma análise da PwC. À medida que as pressões por desempenho aumentam, os investidores analisam mais de perto quais empresas farmacêuticas estão posicionadas para vencer e alocam seus investimentos de acordo com essa análise.

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Superando o desafio do desempenho

Os ventos contrários do mercado são bem visíveis. Os fabricantes de medicamentos estão lidando com prazos mais longos de desenvolvimento de medicamentos, controle de preços, altos custos de regulamentação e litígios, além de aumento da concorrência em quase todas as categorias. Outra onda de expirações de patentes está chegando, o que significa que mais áreas terapêuticas terão alternativas genéricas ou biossimilares. As margens brutas para alguns novos tratamentos, como a terapia com células T do receptor de antígeno quimérico (CAR-T), estão bem abaixo das médias históricas e a crescente personalização dos medicamentos significa que os fabricantes precisam gerar retornos em populações menores de pacientes. Todas essas forças precisam ser superadas em busca de maiores retornos para os acionistas.

À medida que os líderes definem o caminho a seguir, eles devem incorporar uma visão mais nítida sobre a criação de valor para os acionistas na tomada de decisões cotidianas. Conectar decisões de mercado sobre produtos (por exemplo, opções de portfólio, investimento em lançamentos, expansões de produção) à criação de valor para o acionista em toda a empresa é essencial para ajudar a traduzir ciência de ponta em retornos expressivos. 

Da mesma forma, outro imperativo primordial será cumprir a promessa de inovação digital. Pesquisa da PwC mostra que os resultados até o momento foram decepcionantes. Em termos futuros, a indústria farmacêutica pode aprender muito com as principais empresas de tecnologia em áreas como desenvolvimento de produtos digitais, personalização do engajamento do cliente, aproveitamento de novos tipos de dados, implantação de automação inteligente e trabalho ágil.

Com base nesses objetivos, os líderes farmacêuticos podem obter vantagem competitiva concentrando-se em cinco ações principais:

 

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Criar capacidades diferenciadas para superar a concorrência:

Capacidades-chave (como testes descentralizados e machine learning em escala) ajudarão a impulsionar os negócios de maneira diferenciada. As empresas que executam perfeitamente essas capacidades terão uma vantagem competitiva.

 

 

 

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Gere mais retornos de grandes investimentos em TI e nuvem

As empresas fizeram investimentos maciços em sistemas de gestão integrados (ERP), inteligência artificial (IA), automação e nuvem. Agora é a hora de capitalizar esses investimentos, direcionando-os para a experiência de atendimento do paciente, a fim de melhorar a satisfação do cliente e aprimorar a eficiência das operações.

 

 

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Reter talentos, priorizar a cultura

Na era da “Great Resignation” (ou Grande Renúncia, como o movimento voluntário de demissão em massa iniciado nos EUA, mas também visto no Brasil, ficou mais conhecido na tradução literal em português) e da guerra por talentos, ter uma cultura diferenciada para atrair e reter as pessoas certas será fundamental. Os funcionários querem encontrar um propósito e saber que seu trabalho pode gerar mudanças no mundo. Para os funcionários das empresas farmacêuticas, trabalhar significa salvar vidas. Redobrar esforços para cumprir essa missão e, ao mesmo tempo, construir uma cultura única que corresponda aos seus imperativos estratégicos é fundamental. Comunicar e executar esses valores diariamente ao seu pessoal ajudará a gerar uma lealdade mais sustentada.

 

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Pense de forma mais ampla sobre portfólio e transações

A indústria dedica muito esforço e atenção para decidir como direcionar melhor o negócio estrategicamente (por exemplo, regiões, categorias terapêuticas, modalidades científicas). Não há dúvida de que fazer as escolhas estratégicas certas pode fornecer uma boa margem de manobra. No entanto, entendemos que é possível acelerar o retorno com uma melhor execução de alienações e com um melhor ecossistema de parcerias, para atrair ciência de ponta, tecnologias e talentos para o negócio.

 

  

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Proteja a empresa

Devido aos desafios mencionados, será fundamental minimizar qualquer risco negativo relacionado a segurança cibernética, desafios regulatórios e questões legais, para preservar o valor.

 

 

 

Crie capacidades diferenciadas para superar a concorrência

Ativos, como patentes e produtos, sempre foram importantes para impulsionar a criação de valor no setor farmacêutico. Mas os ativos vêm e vão. Capacidades são duradouras e podem criar uma vantagem competitiva permanente. Quando as empresas farmacêuticas buscam um desempenho melhor no mercado futuro, seis capacidades são fundamentais para o sucesso:

 

Foco no paciente, com testes descentralizados

O desenho de testes centrados no paciente é um tópico importante hoje e deve ser uma capacidade definidora para o futuro. A pandemia de covid-19 levou a indústria a repensar o paradigma tradicional de testes clínicos, acelerando o desenvolvimento e o uso de design descentralizado. A capacidade de projetar, executar e supervisionar testes clínicos feitos em casa, perto de casa, em farmácias, clínicas de saúde e remotamente é essencial. 

As configurações descentralizadas reduzem os encargos para os participantes – como a necessidade de viajar para um grande centro médico acadêmico – e, portanto, contribuem para aumentar o número de indivíduos dispostos a participar de um estudo. Testes mais convenientes e menos onerosos também aumentam as chances de reter participantes ao longo de um estudo. Além disso, os testes descentralizados têm mais chance de alcançar comunidades sub-representadas, o que resulta em pesquisas mais adequadas, nas quais a população envolvida no estudo espelha melhor a população que tem a doença no mundo real.

Embora o impacto potencial para os pacientes (menos encargos, mais acesso aos estudos) e para os patrocinadores (inscrições mais rápidas, taxas de desistência reduzidas, desenho de estudos mais competitivo) seja significativo, a criação de uma capacidade de sucesso em estudos descentralizados exige grandes mudanças. Os líderes de pesquisa e desenvolvimento (P&D) devem analisar seus portfólios para avaliar quais testes são mais adequados para um projeto descentralizado, alterar processos relacionados à capacitação em testes, atualizar o ecossistema de fornecedores para incluir aqueles especializados em testes descentralizados e atualizar o uso de dados e análises para apoiar o ciclo de vida do teste. Tudo isso precisará ocorrer enquanto se equilibra a capacidade de executar e supervisionar as atividades tradicionais de ensaios clínicos randomizados. Quem conseguir fazer isso viverá o mantra da indústria do “paciente no centro do negócio” e aumentará suas próprias chances de sucesso para recrutar e reter pacientes.

 

Reter talentos, priorizar a cultura

A Pesquisa Global de Cultura Organizacional 2021 da PwC mostrou que, na última década, as organizações com uma cultura diferenciada apresentam maior crescimento e lucratividade do que seus pares no mesmo setor. A cultura pode acelerar ou dificultar os tipos de mudanças transformacionais que definirão a empresa farmacêutica do futuro. Não há, portanto, como deixar de lado o papel da cultura em impulsionar o desempenho do setor farmacêutico. 

Embora cada empresa faça suas próprias escolhas sobre os comportamentos a serem enfatizados em sua cultura, dois temas serão importantes nos fundamentos culturais da empresa farmacêutica do futuro.

 

“A próxima geração de transformações em grande escala significa que todas as partes da empresa precisarão inovar.”

 

A confiança em primeiro lugar, com ESG

Antes de tudo, vem a confiança. Ela é um bem precioso, especialmente para um setor que pede às pessoas que participem de experimentos científicos, compartilhem dados pessoais e paguem altas somas em dinheiro pela promessa de uma saúde melhor. Comportamentos organizacionais voltados à construção de confiança com stakeholders externos, como clientes, parceiros e reguladores, são essenciais para concretizar o propósito do setor e gerar valor em áreas como engajamento digital, evidências do mundo real e testes descentralizados. Comportamentos para construir confiança em populações carentes e sub-representadas, especialmente, serão cada vez mais importantes para melhorar os resultados sociais e acessar novos pacientes. 

Assegurar uma cultura de confiança internamente é igualmente importante. Cerca de metade dos funcionários que participaram da Pesquisa Global de Cultura Organizacional 2021 da PwC relataram que não se sentem ouvidos, vistos ou incluídos no trabalho. As respostas dos CEOs à mesma pesquisa revelaram uma perspectiva muito mais otimista. Essa desconexão indica que os gerentes podem defender a inclusão da boca para fora e que os funcionários não estão sentindo os efeitos reais desse discurso.

Em um setor que depende de trabalhadores do conhecimento altamente qualificados, a confiança é essencial para atrair e reter talentos, além de engajar os funcionários na jornada de transformação. Os funcionários precisam acreditar que:

A empresa está “fazendo a coisa certa”, pondo em prática seu propósito e assumindo suas responsabilidades ambientais, sociais e de governança (ESG) para com a sociedade.

Eles podem ser autênticos no trabalho.

Eles têm autonomia para integrar trabalho e vida pessoal, inclusive com mais poder e flexibilidade na forma como desempenham suas responsabilidades.

Os líderes do futuro devem nutrir um profundo senso de pertencimento e criar um vínculo de confiança com seu pessoal. Ser ousado e trazer de volta o sentimento de orgulho para o setor será fundamental não apenas para manter os funcionários atuais, mas para se tornar um empregador preferencial.

 

Assuma riscos para inovar

O segundo tema-chave da cultura organizacional é a inovação. Claro que a indústria farmacêutica é inovadora, certo? Preocupações em correr riscos e sair da zona de conforto tradicional podem travar novas ideias, especialmente em grandes empresas já estabelecidas. A próxima geração de transformações em grande escala significa que todas as partes da empresa precisarão inovar.

Enfatizar comportamentos relacionados a reinvenção, destruição criativa, aprendizagem ao longo da vida e novos tipos de equipes multidisciplinares ajudará a neutralizar as forças institucionais que podem esmagar a inovação. Nenhum núcleo corporativo é poderoso ou onisciente o bastante para impulsionar mudanças exclusivamente a partir do topo.

Em paralelo a grandes investimentos corporativos, a inovação virá de funcionários digitalmente qualificados que estão no dia a dia do trabalho, comprometidos com a missão e capacitados para buscar novas ideias. Esse tipo de inovação liderada pelo indivíduo pode se tornar um sistema que se retroalimenta de inovação e criação de valor. Incentivar esses comportamentos é uma obrigação para os fabricantes de medicamentos que esperam estar na vanguarda da ciência e dos negócios.

Uma cultura profundamente enraizada na confiança e na inovação será um acelerador na jornada futura. O trabalho do líder é garantir que esses temas sejam incorporados aos comportamentos organizacionais cotidianos para criar uma vantagem duradoura para a empresa.

 

Pense amplamente sobre portfólio e transações

As transações sempre foram essenciais à indústria farmacêutica e elas tendem a se acelerar com as empresas buscando atividades inorgânicas para alcançar seus planos de crescimento. As transações por produtos e capacidades estão na agenda de todos os CEOs. Com a vigilância constante da Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC, na sigla em inglês) sobre grandes transações no setor farmacêutico, a maioria das empresas precisará conduzir um número maior de transações para obter os mesmos resultados.

Embora toda empresa tenha estruturas e financiamento para maximizar diversos tipos de transações – desde investimentos em estágio inicial até transações de grande porte – as empresas precisarão reformular seu processo de desenvolvimento de negócios devido ao cenário competitivo, para obter mais resultados de suas transações.

Onde estão as oportunidades de aprimoramento?

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