O futuro no mundo da saúde

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O setor de saúde deve buscar soluções integradas e ganhar eficiência operacional (Foto: GE)

A mudança rumo à digitalização da indústria perpassa vários segmentos econômicos, e seu impacto não se restringe ao desempenho das corporações. A internet industrial também pode ser útil diante de demandas sociais importantes, como a saúde

Nossa relação com a saúde mudou. Atire a primeira pedra quem, diante de um sintoma estranho ou com o resultado de um exame em mãos, não recorreu à internet para pesquisar possíveis diagnósticos e tratamentos. Não por acaso, a "Lancet", renomada revista científica britânica, divulgou, em outubro, um apelo para que a comunidade médica se envolva na edição de tópicos sobre doenças na Wikipedia, principal fonte de informação sobre saúde para o público leigo. Cada vez mais, o paciente procura, questiona e reivindica.

Nossas necessidades estão mudando. De acordo com projeções das Nações Unidas, em 2050 o mundo terá, pela primeira vez, mais idosos do que crianças e jovens até 15 anos. No Brasil, segundo estimativas do IBGE, o número de pessoas com mais de 80 anos deve passar dos atuais 3,5 milhões para 19 milhões em 2060. Essa transformação demográfica vai se refletir na incidência de doenças. Cada vez mais precisaremos lidar com quadros crônicos, cujo tratamento pode ser até sete vezes mais caro que o de doenças infecciosas.

O setor de saúde precisa mudar. Com gastos cada vez mais elevados, deve rediscutir modelos de negócios, buscar soluções integradas e ganhar eficiência operacional. É uma discussão ampla, que envolve tanto o poder público como operadoras de planos de saúde, clínicas, hospitais, médicos, pacientes, entre outros. Um debate que passa, também, pela revolução digital. A coleta e a análise de dados podem trazer insights valiosos, seja na identificação de tendências, na otimização de recursos ou na melhoria de fluxos de trabalho.

É nesse contexto que a GE iniciou seu próprio processo de mudança. “Hoje, a empresa já não atua somente como fornecedora de equipamentos, mas desempenha também o papel de consultora para ajudar seus clientes na solução de seus problemas”, afirma Daurio Speranzini Jr., CEO da GE Healthcare na América Latina. Exemplo disso é uma solução desenvolvida pela companhia para a DASA – maior empresa de medicina diagnóstica da América Latina.



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MONITORAR PARA MELHORAR


Presente em 12 estados brasileiros, com 540 unidades, a DASA realiza oito milhões de exames de imagem por ano, além de 250 milhões de exames de sangue. Conta com 2.500 médicos – em sua maioria, radiologistas. Só de aparelhos de ressonância magnética, são 145. Uma estrutura complexa, que envolve grandes desafios de gestão. Um deles é a padronização do atendimento. “Para empresas que têm múltiplas unidades, é fundamental manter em todas o mesmo padrão de qualidade. A gente treina as equipes, mas, com o tempo, vê que o serviço vai saindo do padrão”, comenta Romeu Côrtes Domingues, médico radiologista e presidente do conselho de administração da DASA.

A partir das demandas do cliente, a GE desenvolveu, em apenas seis meses, um sistema capaz de monitorar os mais diversos aspectos da operação – do tempo de espera na recepção à duração e à qualidade do exame; do funcionamento dos aparelhos à sequência adotada pelos técnicos ao atender um paciente.

A novidade vem sendo testada há cerca de dois meses em duas unidades da rede no Rio. Essa primeira fase é voltada à análise de desempenho e, segundo Domingues, já trouxe insights importantes. “Numa próxima etapa, a ideia é usar esses dados do sistema para agir de maneira preditiva”, afirma Domingues.

O plano é utilizar a análise de dados para subsidiar decisões em diversas áreas: seja na compra de novos aparelhos onde houver demanda reprimida, seja no remanejamento do público de unidades lotadas para unidades ociosas, otimizando os recursos disponíveis. Para o paciente, isso deve se traduzir em uma melhoria no atendimento (com menos tempo de espera, por exemplo) e na qualidade do exame, já que a padronização dos procedimentos aumenta as chances de um resultado adequado, afirma Domingues.

INTEGRAR OS ELOS DA CADEIA


O médico destaca, porém, que iniciativas individuais não descartam a necessidade de ações mais abrangentes no sistema de saúde, que envolvam todos os elos da cadeia em prol de um serviço mais eficiente. “Os gastos com saúde são um problema no mundo inteiro. E é importante que a gente possa trabalhar com dados também junto às operadoras e aos médicos para gerenciar melhor os pedidos de exame.” Além disso, diz, é necessária uma mudança cultural. “A gente precisa entender que atendimento médico bem-feito não é sinônimo de mais e mais exames. Isso deve ser bem pontuado, pois os recursos são finitos.”

Speranzini Jr. aponta como um dos problemas da área de saúde a sua “fragmentação”. Ele defende que governo e entidades privadas desenvolvam missões claras e distintas, com foco na complementaridade. “Já estamos vendo algumas reflexões nesse sentido. A meu ver, o governo poderia se dedicar às ações de prevenção, enquanto os serviços de diagnóstico e tratamento ficariam com a iniciativa privada.” As duas esferas podem se beneficiar da digitalização da saúde no futuro, destaca o CEO.

E foi pensando nos grandes desafios enfrentados pelo setor que a GE Healthcare promoveu, em setembro, no Centro de Pesquisas Global GE do Rio de Janeiro, o Innovation Summit, evento fechado para convidados que contou com palestras de grandes nomes nacionais e internacionais de instituições de saúde públicas e privadas, agências reguladoras e operadoras de saúde com o intuito de discutir sobre a transformação do mercado e sobre as estratégias para que as instituições de saúde atinjam altos índices de produtividade e qualidade de serviço.

A coleta e a análise de dados da população (como histórico familiar, estilo de vida e fatores ambientais) podem oferecer estimativas valiosas com relação ao desenvolvimento de doenças, orientando órgãos governamentais na elaboração de políticas públicas e programas de prevenção. Já os serviços de diagnóstico e tratamento se beneficiariam muito de um cadastro único de pacientes, em que o histórico de cada pessoa estivesse acessível a qualquer médico. Ou seja, em que todos os exames e procedimentos pelos quais o paciente passou ao longo da vida estivessem facilmente disponíveis durante uma consulta.

“Hoje, hospitais e clínicas desenvolvem ações importantes, mas de forma isolada. Com um cadastro único, o médico poderia entender melhor a evolução da saúde daquele paciente”, diz Speranzini Jr., que observa no setor, atualmente, a repetição frequente de exames caros, de alta complexidade. “Grandes plataformas digitais precisam ser criadas para consolidar informações, organizá-las e colocar inteligência por trás delas.” Segundo ele, processos de digitalização podem permitir até que o atendimento médico se torne mais humanizado. Isso porque, com os dados do paciente já coletados, organizados e analisados, o profissional poderá se concentrar nas questões psicológicas envolvidas no diagnóstico e no tratamento de uma doença. “É um processo de aprendizagem, tanto para o paciente quanto para o médico, que precisará adotar uma atitude mais humanizada. O médico não poderá mais atender sem olhar no rosto do paciente, sem dar explicações. Ele terá que voltar a ser o profissional de antigamente, que sabia que a consulta também faz parte do processo de educação do paciente”, comenta Speranzini Jr.



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A DIGITALIZAÇÃO DA SAÚDE NO BRASIL E NO MUNDO

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Além da parceria com a DASA, na qual foi usado o aplicativo Performance Insight, a GE Healthcare vem desenvolvendo outros projetos importantes de digitalização da saúde no Brasil. Um deles, encomendado por um hospital de São Paulo, envolve “machine learning”, ou seja, o uso de algoritmos e técnicas que habilitam o computador a aprender, aperfeiçoando assim o próprio desempenho. “Nesse projeto, a ideia é que nosso software possa orientar o médico na hora em que ele precisa realizar um laudo”, afirma Daurio Speranzini Jr.

A companhia também vem investindo na digitalização de prontuários, o que facilita o armazenamento desse material, agiliza o atendimento e amplia as possibilidades de cruzamento de dados. O EMR (registro médico eletrônico, na sigla em inglês) foi adotado pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) durante os Jogos do Rio. A solução consiste no armazenamento, em nuvem, de todos os dados médicos dos atletas, incluindo exames de imagem. Com isso, o atendimento se torna muito mais rápido e eficaz. Nos EUA, onde a tecnologia foi adotada em 2012, o comitê americano constatou uma redução de 80% no número de raios X realizados pelos atletas, já que muitas vezes a análise dos dados presentes no sistema bastava para chegar a um diagnóstico.

Ainda nos EUA, o projeto da companhia no Hospital Johns Hopkins, em Baltimore, conseguiu diminuir o tempo de espera por atendimento ao instituir o primeiro centro de análise preditiva com foco na experiência dos pacientes. As mudanças facilitaram tanto a visualização e o compartilhamento de dados quanto a comunicação entre os funcionários, o que permitiu gerenciar melhor o fluxo de pessoas. A espera por um leito para internação, por exemplo, era de seis horas e caiu para menos de quatro.



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