O Japão está descobrindo o poder dos analgésicos

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As vendas de medicamentos prescritos contra a dor crônica no Japão vão dar um salto de 62%, para 188 bilhões de ienes (US$ 1,7 bilhão), no período de sete anos até 2024, afirma Fuji Keizai, uma empresa de pesquisa de mercado com sede em Tóquio

(Bloomberg) -- Vender analgésicos no Japão costumava ser extremamente difícil. Até que os baby boomers descobriram que os analgésicos podem aliviar a dor da artrite, da neuropatia diabética e dos estragos do câncer.


Agora, a demanda está disparando e as companhias farmacêuticas estão lançando novos produtos para um mercado onde o consumo de opiáceos per capita é o quarto mais baixo do mundo desenvolvido. As vendas de medicamentos prescritos contra a dor crônica no Japão vão dar um salto de 62 por cento, para 188 bilhões de ienes (US$ 1,7 bilhão), no período de sete anos até 2024, afirmou a Fuji Keizai, uma empresa de pesquisa de mercado com sede em Tóquio, em um relatório em novembro.

Ao contrário dos EUA, onde o presidente Donald Trump declarou que a epidemia de opiáceos é uma emergência nacional, o Japão teve uma aversão aos narcóticos devido às leis restritivas e ao estigma do vício. No entanto, as pessoas que sofrem de dor crônica estão exigindo alívio, e as autoridades estão se empenhando mais para ajudá-las, especialmente porque os trabalhadores não são economicamente produtivos quando estão agonizando por dores. Um estudo de 2015 estimou que a dor crônica custa ao Japão cerca de 1,95 trilhão de ienes por ano.


“As pessoas que sofrem de dor hoje em dia são menos tolerantes em comparação com a geração mais velha”, disse Tsutomu Suzuki, professor emérito de pesquisa sobre vício da Universidade de Hoshi, em Tóquio. “Alguns dos produtos mais novos são opiáceos, mas não são classificados como narcóticos, o que faz com que as pessoas fiquem mais à vontade para usá-los.”
O primeiro-ministro Shinzo Abe se comprometeu a melhorar o tratamento da dor crônica como parte de seu plano de crescimento econômico anunciado em junho do ano passado. Isso levou o Ministério da Saúde a financiar neste ano clínicas especialmente designadas e hospitais voltados ao atendimento de pacientes com dor crônica.


style="display:block" data-ad-client="ca-pub-6652631670584205" data-ad-slot="7514086806" data-ad-format="autorelaxed"> OxyContin, Cymbalta


A Shionogi, que vende o OxyContin no Japão, apresentou uma solicitação para usar o remédio contra a dor crônica em novembro depois de um pedido de um painel do Ministério da Saúde, e o antidepressivo Cymbalta foi aprovado como tratamento da dor crônica nas costas em março do ano passado. A empresa com sede em Osaka comprou os direitos de vender Methapain (metadona) da Teikoku Seiyaku em fevereiro e recebeu aprovação para que o Symproic seja usado no tratamento da constipação induzida por opiáceos em março.


“A maioria dos médicos do Japão tem uma forte preocupação com limitar o uso de opiáceos ao mínimo, porque eles acreditam que os pacientes podem não conseguir parar de tomá-los após um período de uso longo”, disse Masashi Katsumata, diretor sênior da unidade de gestão da dor da Shionogi. “É por isso que o risco de uso abusivo e vício é muito menor do que nos EUA, e essa é uma situação ideal.”


A Daiichi Sankyo começou a vender uma versão genérica do OxyContin em março e obteve a aprovação para vender os analgésicos relativos ao câncer Narurapid e Narusus no Japão em junho, após um programa de apoio aos pacientes financiado pelo governo. A Daiichi Sankyo, que também vende fentanil, tem um tratamento potencial para a neuropatia diabética, a mirogabalina, em estudos de pacientes em estágio avançado, afirmou em julho a empresa com sede em Tóquio.
Versão em português: Leonardo Lara em São Paulo, llara1@bloomberg.net.
Repórter da matéria original: Kanoko Matsuyama em Tóquio, kmatsuyama2@bloomberg.net.
Para entrar em contato com os editores responsáveis: Brian Bremner, bbremner@bloomberg.net, K. Oanh Ha, oha3@bloomberg.net, Jason Gale
©2017 Bloomberg L.P.

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