Época Negócios
12/01/20 - O ano de 2019 teve muitas fusões e aquisições “à moda antiga”, como a compra da 21st Century Fox pela Disney e a fusão entre AT&T e Time Warner. Mas, segundo o especialista em estratégia de negócios Benjamin Gomes-Casseres, o ano que terminou mostrou diversas tendências que devem seguir para 2020 e a década seguinte.
“De várias formas, a quantidade de fusões e aquisições em 2019 não foi tão alta quanto em anos anteriores,” escreveu Gomes-Casseres, em artigo para a Harvard Business Review. “Há sinais que os anos 2020 irão iniciar novas tendências sobre como iremos cuidar do poder da tecnologia,” afirma. De acordo com ele, as mudanças climáticas também serão levadas mais a sério.
Confira alguns dos padrões percebidos pelo analista:
O crescimento das Big Techs vai desacelerar
Desde 2017, Apple, Google e Amazon não gastaram mais de US$ 3 bilhões na compra de alguma empresa. O crescimento das maiores companhias de tecnologia muitas vezes depende da compra de emergentes no setor, mas as líderes do ramo ficaram sem se mexer por mais um ano.
Nos Estados Unidos, as Big Techs também enfrentam diversos problemas legais. Investigações antitruste contra o Google foram feitas em todos os estados do país. Já o Facebook foi alvo de uma comissão do congresso americano por conta da proteção de dados e disseminação de informações falsas.
China e Estados Unidos cada vez mais distantes
A guerra comercial entre Estados Unidos e China teve seus impactos no setor de tecnologia. O FCC, órgão regulador dos meios de comunicação nos Estados Unidos, proibiu a chinesa Huawei de atuar no mercado norte-americano. Segundo o The New York Times, o investimento chinês nos Estados Unidos caiu 90% por causa da disputa entre os países. Como consequência, empresas chinesas terão cada vez mais influência na China e companhias norte-americanas continuarão dominando nos Estados Unidos.
Pouco muda na indústria farmacêutica
Enquanto empresas de tecnologia estão reticentes em comprar empresas menores, a indústria farmacêutica continua se consolidando. Novartis, Takeda e Bristol-Myers Squibb compraram startups de biotecnologia em 2019. A Bristol-Myers Squibb desembolsou US$ 74 bilhões pela Celgene. Já a Takeda não ficou muito atrás, gastando US$ 62 bilhões pela norte-americana Shire.
Preocupações com o clima afetam petrolíferas
A indústria do petróleo, segundo Gomes-Casseres, seguirá investindo em energias renováveis por meio de aquisições de startups mais “verdes”. No entanto, Gomes-Casseres lembra que o investimento das gigantes do petróleo e gás em energias renováveis tem caído.
A pressão por energia limpa pode ter sido responsável por um ano mais complicado no setor. A fusão entre Occidental e Anadarko foi criticada pelos próprios investidores das empresas. Outras líderes, como Exxon, Shell e BP, tiveram retornos decepcionantes. Até mesmo o IPO da Aramco, o maior da história, teve desempenho considerado abaixo das expectativas.
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