(LOUISE BEAUMONT/Getty Images)

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São bebidas cuja formulação pode fornecer benefícios extras para a saúde dos consumidores – claro, além dos tradicionais que toda cerveja já prove pela própria composição nutricional

 

by Rodrigo Louro | Exame

 

Esse é um assunto bastante controverso. Mas antes de qualquer discussão sobre isso, ou de exemplos, cabe aqui uma definição do que seriam as cervejas funcionais. São bebidas cuja formulação pode fornecer benefícios extras para a saúde dos consumidores – claro, além dos tradicionais que toda cerveja já prove pela própria composição nutricional. Isso poderia acontecer tanto pela adição de ingredientes extras, quanto por troca ou até redução e remoção de moléculas que geralmente estariam presentes no produto final feito pelo método habitual.

Na minha opinião a polêmica do assunto surge em torno de dois motivos apenas. O primeiro talvez seja mais pessoal (e menos sério), e diz respeito a cerveja já ser bastante funcional por definição. E sua grande função seria a de lubrificante social!

Eu posso até utilizar alguma outra coluna para falar sobre como a descoberta dos processos de fermentação de bebidas derivadas grãos de cevada causou o inicio da agricultura. E como esse é um importante pilar das primeiras sociedades humanas. Mas mesmo sem esse contexto histórico mais acadêmico, todos nós sabemos o quanto é mais fácil conviver em sociedade usufruindo dos bens que o consumo de álcool com moderação nós trás. Relaxamento, diminuição da inibição, e tudo que faz ser tolerável (e até agradável) estar na presença de outros seres humanos.
 

O segundo (e mais sério) motivo seria a nossa legislação. Pois, apesar da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ter processos e procedimentos que permitam divulgar um alimento como sendo potencialmente benéfico para nossa saúde, o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) não permite que nenhuma bebida alcoólica possa ser descrita como contendo algum benefício para saúde. Ou seja, nenhuma menção como favorável para nosso bem-estar pode ser diretamente associada a cerveja.

Assim mesmo, sem essa clara menção, já temos algumas cervejas funcionais no mercado. Um exemplo seriam as cervejas de baixo álcool ou sem álcool que através da própria redução dos efeitos prejudiciais (e infelizmente dos não prejudiciais também) do álcool entram nessa categoria.

 

Como são feitas as cervejas sem álcool

 

A remoção total do álcool nas cervejas 0,0% é feita por vácuo em equipamentos bastante caros e tecnológicos. Em conjunto com esse detalhe financeiro, outra desvantagem desse método é a total remoção de moléculas aromáticas. Fatos que afastam a sua produção pelas cervejaria artesanais. Essas optam pela redução de álcool (entre 2,5 e 0,5% finais) em suas formulações utilizando técnicas mais criativas como fermentações com outras leveduras – que não tem capacidade de gerar tanto etanol, ou até que consomem etanol e geram moléculas de aroma. Cabe mencionar que nesse cenário de baixo álcool as cervejas se encaixam ainda melhor na categoria de repositores de eletrólitos (minerais) e poderiam até ser usadas por atletas para hidratação pós atividade física, e tem menos calorias também (comparativamente).

Outro exemplo seria o de cervejas com baixo ou sem glúten. Essa proteína presente em quase todos os cereais (abundante na cevada e no trigo) causa reações imunológicas em algumas pessoas (celíacos). Por algum tempo os cervejeiros ficaram apenas com sorgo – um cereal sem glúten - para produzir uma cerveja que não desencadeasse desconfortos intestinais. Até que se descobriu que um dos artifícios da grande indústria – uma enzima proteolítica – para deixar cervejas sem turbidez causava a degradação do glúten. Com isso se tornou bastante simples produzir cervejas que não agridam os intolerantes.

Uma cerveja já possui diversas vitaminas, minerais, antioxidantes, e probióticos. E é possível alterar formulações para torná-las ainda mais ricas dessas substâncias. Porém em uma sociedade cuja relação com álcool ainda é complicada por falta de educação para moderação as ideias de cervejas funcionais ainda vão ficar por algum tempo restritas e sem incentivos para que aconteçam e se tornem tendência por aqui.

 
 

*As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do DikaJob.

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