O remédio está no interior

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IstoÉ Dinheiro

por Sérgio Vieira

 

 

10/01/20 - Poucos setores da economia viveram, nos últimos anos, um processo de consolidação tão intenso quanto o de farmácias e drogarias. Grande parte desse movimento se deu fora dos grandes centros urbanos. Prova disso é a Farmarcas, quarto maior conglomerado do setor, formado por 11 redes farmacêuticas, atrás apenas de Raia/Drogasil, São Paulo/Pacheco e Pague Menos.

 

No ano passado, faturou R$ 3 bilhões e abriu 220 novas unidades. Atualmente, a rede de pequenas farmácias, fundada em 2012, mantém 1,1 mil unidades em 619 cidades do Brasil – a maior parte em pequenos e médios municípios.


Para o presidente da companhia, Edison Tamascia, a aposta na força do interior foi o remédio para crescer diante de um cenário econômico ainda de incertezas e com uma concorrência cada vez mais acirrada. “Nosso modelo é diferente das grandes redes farmacêuticas, que são fortes do ponto de vista econômico, mas paquidérmicas quanto a tomadas de decisões e estratégias locais”, afirma o empresário. “O que vale para uma unidade de grande rede em São Paulo nem sempre vale para uma pequena cidade do interior. No nosso caso, o empresário local pode atuar de acordo com sua necessidade e ser, por exemplo, mais agressivo no preço dos genéricos.”

 

Para 2020, a expectativa é acelerar a abertura, superando 250 lojas até dezembro, sempre com foco para “dentro” do Brasil, ampliando em cidades onde já atuam e também desbravando novos espaços. Há lojas das associadas em 24 Estados – exceto Alagoas, Rio Grande do Sul e Sergipe. Este último deve passar em breve a fazer parte do mapa da Farmarcas.


Juntas, as redes que compõem a Farmarcas (AC Farma, Bigfort, Drogarias Maestra, Entrefarma, Farma100, Farmavale, Maisfarma, Maxi Popular, Mega Pharma, Super Popular e Ultra Popular) responderam por 2,5% do total do mercado, que alcançou R$ 120 bilhões (R$ 83 bilhões correspondem a medicamentos). O presidente da Farmarcas explica que o pulo do gato para este crescimento está no modelo de gestão, parecido com o de franquia.
A associação fala em nome das redes nas negociações com fornecedores e garante preços competitivos para as unidades, que a partir daí fazem suas compras, de acordo com a demanda local, e ainda têm a liberdade de praticar descontos e campanhas. Há dois anos, a Farmarcas ocupa o 15º andar inteiro de um prédio na Avenida Paulista, em São Paulo. De lá, 139 funcionários cuidam da gestão das 11 redes associadas.


Entre as cidades com maior presença das lojas das redes, o presidente destaca Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Umuarama (PR). Segundo Tamascia, Dourados (MS) é, proporcionalmente, a cidade com maior participação da Farmarcas, com quase metade das farmácias do município. “Além de comprar bem, há outro três pilares adotados pela Farmarcas que justificam o crescimento significativo das redes do conglomerado: administração com eficiência e gerenciamento de custo, estratégias para vender mais, como localização, layout das lojas e inovação”, afirma.


ESTRUTURA

 

As redes da Farmarcas festejam os números bem superiores de crescimento, da ordem de 42%, segundo Tamascia. Para garantir a estrutura do grupo, cada loja paga mensalmente à Farmarcas o equivalente a um salário mínimo (hoje em R$ 1.039), o que já garante uma receita mensal de R$ 1,14 milhão à companhia. No ano, são R$ 13 milhões.
Também recebe espécie de comissão da indústria para compor o bolo de receitas e garantir o funcionamento da Farmarcas, com funcionários, escritório e reinvestimentos nas próprias redes. Para 2022, a meta já está traçada: chegar a 2022 lojas. “É uma meta bem realista. Basta o grupo conseguir abrir 20 lojas por mês”. E ele aposta nisso. “O empresário normalmente mora na cidade e conhece a realidade local. E no fim das contas o preço acaba sendo ponto fundamental. Mesmo no período da crise econômica, nós crescemos. E não olhamos para ela. Vamos seguir assim.”

 

 

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