A ambição da Novo Nordisk de comprar a empresa de biotecnologia belga Ablynx enfrenta resistência. O acordo faria sentido para o grupo farmacêutico dinamarquês, mas as defesas da Ablynx são fortes e o alvo está exigindo, com razão, mais do que os US$ 3,1 bilhões oferecidos pela Novo.
A Ablynx, que abriu capital em 2007, fez um grande avanço em outubro com os dados da fase final de testes do caplacizumab, um tratamento para púrpura trombocitopênica trombática adquirida, um raro transtorno que provoca sangramentos. O próximo passo para a Ablynx é conseguir aprovação regulatória para o capla e posteriormente levá-lo ao mercado.
Faria sentido fechar parceria com uma grande empresa farmacêutica para vendas e distribuição. A Novo seria uma escolha natural graças à sua franquia de hematologia global. A empresa dinamarquesa tem infraestrutura e conhecimento para conseguir aprovações em vários países nos mercados emergentes. Além disso, suas atuais equipes de vendas e distribuição poderiam ajudar o capla a ter mais receita mais rapidamente. Por isso surgiu a proposta não solicitada divulgada na segunda-feira.
style="display:block" data-ad-format="autorelaxed" data-ad-client="ca-pub-6652631670584205" data-ad-slot="7514086806">Uma projeção razoável para o pico de vendas do capla seria de em torno de US$ 400 milhões (334 milhões de euros). Considerando que medicamentos para o sangue normalmente oferecem margens elevadas, a Novo poderia rechear seus lucros com pelo menos metade disso se fosse dona do tratamento.
Isto, por si só, já faz a oferta, ajustada pela posição de caixa líquido pequena da Ablynx, parecer muito pouco generosa — sem contar o propalado prêmio de 60 por cento sobre o preço da ação do alvo anterior à abordagem inicial da Novo, no mês passado. Adicione a linha de produção de medicamentos pequena da Ablynx e a atraente operação de pesquisa e desenvolvimento e fica claro que a Novo pode justificar um pagamento maior.
As defesas da Ablynx também parecem robustas. Um parceiro aceleraria a comercialização do capla, mas a empresa poderia argumentar de forma plausível que é capaz de levar o tratamento ao mercado por conta própria. Doenças raras não exigem a mesma infraestrutura de grande escala que as doenças mais comuns. A empresa já conta com parcerias com uma série de grandes grupos farmacêuticos e algum deles também pode estar interessado em uma aquisição.
O risco para a Novo é que, ao revelar seu lance e tentar convencer a Ablynx a negociar, acabe simplesmente empurrando o alvo para o abraço fraterno de uma rival. É improvável que a Novo consiga comprar a Ablynx pagando pouco. Mas a tática de dar um abraço de urso pode arrastá-la para um leilão.
Esta coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.
Fonte: UOL
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