A Expansão da Oncoclínicas no Oriente Médio: Uma Análise Estratégica
A Oncoclínicas, uma das maiores redes de clínicas oncológicas do Brasil, está dando um passo significativo em sua trajetória com a expansão para o Oriente Médio. Através de uma joint venture com o grupo saudita Al Faisaliah, a Oncoclínicas planeja abrir uma unidade em Riad e estabelecer uma presença robusta na região com cinco clínicas em cinco anos. Informou o Pipeline.
Este movimento estratégico representa não apenas um marco na internacionalização da Oncoclínicas, mas também destaca a crescente importância da globalização dos serviços de saúde especializados. A escolha da Arábia Saudita como ponto de partida para esta expansão é particularmente notável, considerando a ausência de players especializados em oncologia no país, que possui uma população de 32 milhões de habitantes.
A joint venture, na qual a Oncoclínicas detém a maioria com 51% de participação, é uma colaboração com o Al Faisaliah, um conglomerado diversificado liderado pelo príncipe Mohammed K. A. Al Faisal. Este acordo é um testemunho da visão e do compromisso da Oncoclínicas com o cuidado oncológico de qualidade e sua disposição para investir em novos mercados.
O investimento inicial estimado entre US$ 15 milhões e US$ 20 milhões nos próximos três anos reflete a confiança da Oncoclínicas no potencial de crescimento da região. A primeira unidade em Riad, com 9 mil metros quadrados de área de atendimento, é apenas o começo de um plano ambicioso que visa alcançar um faturamento de US$ 550 milhões e um Ebitda de US$ 150 milhões.
Bruno Ferrari, fundador e CEO da Oncoclínicas, enfatiza que o investimento no Oriente Médio é independente do recente aumento de capital da empresa e que a geração de caixa da primeira unidade será a base para a expansão subsequente. Este é um exemplo claro de uma estratégia de crescimento auto-sustentável, que não depende de financiamento externo para sua realização.
Cristiano Affonso, CFO da Oncoclínicas, destaca a oportunidade única que a Arábia Saudita oferece, uma revelação que surgiu após a participação em um evento do governo saudita. A falta de especialização em oncologia no país apresenta uma oportunidade de mercado significativa para a Oncoclínicas, que pode estabelecer um novo padrão de cuidado oncológico na região.
A expansão da Oncoclínicas no Oriente Médio é um exemplo inspirador de como as empresas brasileiras estão se posicionando no cenário global. Com uma abordagem estratégica e um compromisso com a excelência, a Oncoclínicas está pronta para transformar o panorama do tratamento oncológico no Oriente Médio e além.
Ainda que os planos tenham começado há mais um ano, o avanço internacional tem contado com o endosso de um acionista recente da Oncoclínicas. Controlador do banco Master, Daniel Vorcaro se aproximou de Ferrari após comprar 20% da companhia, tem se engajado nos planos e vai assumir um assento no conselho da empresa de saúde. "Ele é um entusiasta da internacionalização", diz Ferrari.
Em nota, o banqueiro disse que "a ausência de competidores e o suporte governamental" na Arábia Saudita vão ajudar a dar uma previsibilidade de receita para os próximos anos, "muito além do que se estivéssemos entrando em qualquer outro mercado."
Não se trata de um incentivo fiscal, segundo o CEO, mas uma tarimba da realeza. "O que eles estão fazendo é abrindo portas, facilitando a nossa entrada, com um grupo empresarial que tem um chairman da família real", diz. Al Faisal é também ex-chairman do J.P. Morgan para a região do Oriente Médio.
A JV será liderada por um médico que já foi COO do maior hospital da Arábia Saudita e o grupo saudita vai ajudar na expansão para outros países da região, em áreas a, no máximo, três horas de distância e que somam 260 milhões de habitantes. "E todo o corpo clínico local fala inglês, não há barreira de língua", emenda Ferrari.
Além da internacionalização, outro movimento da Oncoclínicas após o aumento de capital é a recompra de dívidas. A gestão de passivos tem sido feita a partir da injeção de R$ 1,5 bilhão (R$ 1 bilhão do Master e R$ 500 milhões de Ferrari, financiado pelo mesmo banco). A empresa recomprou em julho uma dívida emitida em abril, a um juro de DI+1,4%, o mais barato entre seus títulos emitidos - o que chamou atenção de investidores, já que havia outros mais onerosos que valeriam a recompra.
A companhia recomprou o equivalente a R$ 100,2 milhões em debêntures. O Pipeline apurou que a empresa fez a recompra porque conseguiu um desconto, após provocação feita por uma corretora. "Foi totalmente oportunístico", disse uma fonte a par do assunto. A Oncoclínicas não comentou este ponto.
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