( Correio Braziliense )
Jornalista: Indefinido
20/11/19 - Acompanhar um tipo de atividade cerebral chamada ondas agudas (SWRs, em inglês) pode ajudar a prever com significativa antecedência o surgimento de deficits de memória semelhantes ao Alzheimer. É o que mostra um estudo do Instituto Gladstone, nos Estados Unidos, divulgado na última edição da revista Cell Reports.
As SWRs ocorrem quando, em repouso, o cérebro repete rápida e repetidamente uma memória recente de movimentação por um espaço, como andar em um local desconhecido. Elas têm dois componentes mensuráveis importantes: abundância e energia de gama curta (SG). “Em termos gerais, a abundância prevê a rapidez com que um animal ou uma pessoa pode aprender e memorizar como passar por um labirinto, e a energia prevê a precisão da memória”, resume Emily Jones, principal autora do estudo.
A pesquisa tem como base resultados de um estudo conduzido pela mesma equipe em 2016. Na ocasião, ratos foram modificados para transportar o gene da apolipoproteína E4 (ApoE4). Essa atividade está associada a um risco aumentado da ocorrência do Alzheimer em humanos. Quando envelheceram, as cobaias apresentaram SWRs em menor quantidade e com menos energia de gama curta.
Com base nesses resultados, Jones e seus colegas levantaram a hipótese de que medir a atividade das SWRs poderia prever a gravidade de problemas de memória ao longo do envelhecimento. Para isso, inicialmente, registraram a atividade das SWRs em ratos velhos e com a alteração ApoE4 que estavam em repouso. Um mês depois, fizeram com que as cobaias realizassem tarefas espaciais para testar a memória delas. Os cientistas descobriram que aquelas com menos SWRs e menor poder de SG eram mais propensas a ter piores deficits de memória espacial.
Uma vez que as ondas agudas também são encontradas em seres humanos, os resultados sugerem que os dois componentes mensuráveis delas podem servir como preditores precoces do Alzheimer. “Ser capaz de prever deficits muito antes que eles apareçam pode abrir novas oportunidades para projetar e testar intervenções que previnem a doença de Alzheimer. Uma grande vantagem dessa abordagem é que os pesquisadores desenvolveram recentemente uma técnica não invasiva para medir as SWRs em pessoas sem implantar eletrodos no cérebro”, diz Yadong Huang, pesquisador sênior do Gladstone e autor sênior do estudo.
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