Organon atinge objetivo do ‘Aterro Zero’

Uma das ações do projeto "Aterro Zero" é a compostagem de resíduos provenientes das podas de árvores e outras plantas existentes no sítio da farmacêutica (Alessandro Torres)

Uma das ações do projeto "Aterro Zero" é a compostagem de resíduos provenientes das podas de árvores e outras plantas existentes no sítio da farmacêutica (Alessandro Torres)

 

Desde agosto, a Organon, cuja planta está instalada no distrito de Sousas, em Campinas, não envia resíduos gerados pela unidade aos aterros sanitários

 

by Aline Guevara | Correio Popular

 

A Organon, farmacêutica cuja fábrica brasileira está situada em Campinas, no distrito de Sousas, atingiu no mês de agosto o marco de Aterro Zero, o que significa que a empresa parou de enviar resíduos para aterros sanitários. O compromisso firmado faz parte do projeto de sustentabilidade ambiental da organização, que, a partir de então, deixou de encaminhar para os locais de descarte cerca de seis toneladas por ano de resíduos. 

A empresa global foi criada em 2021 derivada da gigante MSD, com foco principalmente no desenvolvimento de medicamentos para mulheres nas mais variadas fases da vida. A fábrica em Campinas já existia com a MSD, mas a partir de junho de 2021 tornou-se a Organon. Desde então, a organização local, que emprega hoje 230 funcionários, busca atingir compromissos que visam à preservação do planeta e à diminuição de impactos nocivos ao meio ambiente. "Atingir o marco significa que nós conseguimos soluções mais ecologicamente sustentáveis para todos os resíduos que gerávamos", explica Leonardo Gonçalves, gerente sênior de Segurança e Meio Ambiente da Organon Brasil.

De acordo com Leonardo, desde o seu início a farmacêutica implementou a separação e encaminhamento adequados de materiais que poderiam ser reciclados, enquanto os resíduos formados na produção dos produtos farmacêuticos também seguiam rígidos protocolos de descarte, já consolidados em meio ao segmento, e que, segundo ele, "têm uma recuperação ambiental". "Fazemos projetos que costumam ter metas de cinco anos, então trabalhamos sempre com esse tempo em vista, de cinco em cinco. Mas esse plano continua sendo continuamente alimentado e alinhado com as nossas estratégias. O Aterro Zero era um desses projetos, que já foi alcançado".

O maior desafio dentro do Aterro Zero foi encontrar soluções ecologicamente mais sustentáveis também para os resíduos produzidos diariamente, tanto os orgânicos da cozinha quanto os dos banheiros. O projeto, implementado um ano atrás, teve o papel de mapear todas essas fontes de resíduos que ainda estavam sendo encaminhadas para os aterros sanitários e buscar alternativas. Leonardo conta que, quando existe uma iniciativa de separar os resíduos, é possível enxergar outras formas de descarte. "A gente entendeu que seria viável encontrar destinos melhores que os aterros sanitários. Eles podem ser a solução mais fácil, mais rápida, mas são lugares sobrecarregados e onde os resíduos vão ficar ainda por muitos anos até se decompor. Resíduos que estão todos misturados, têm ali coisas orgânicas, que iriam se decompor mais rápido, e também outras que vão demorar muito mais", diz.

O principal esforço do projeto foi encontrar parceiros que auxiliassem a farmacêutica a fazer esse descarte de forma adequada. "Acabamos implementando uma compostagem interna e outra externa", detalha o gerente. A externa é direcionada principalmente aos resíduos resultantes do restaurante e da alimentação realizada no local, que são transformados em adubo. Já a interna é voltada para o acúmulo de materiais orgânicos provenientes das ações de jardinagem e podas dentro do grande terreno da fábrica. A estratégia aplicada foi a de reorganizar e encontrar um espaço que poderia ser o destino das sobras das plantas e árvores. Uma das áreas não utilizadas pela empresa e pelos funcionários dentro do terreno virou o espaço de compostagem. Restos de folhas, gramas cortadas e galhos são manejados para o local e lá ficam para uma decomposição natural. "Mas a área é usada somente para os resíduos da jardinagem. Não podemos jogar restos de comida ali, por exemplo", observa Leonardo.

Em relação aos resíduos do banheiro, a Organon estabeleceu uma parceria com uma empresa produtora de cimento. "Eles substituem o combustível usado no processo de combustão para a produção de cimento pelos resíduos. Ao invés de queimar carvão ou gasolina, são incinerados os resíduos que nós produzimos assim como outras empresas geram. É o que chamamos de coprocessamento. A energia gasta no incinerador tem o efeito de gerar outro subproduto", descreve Leonardo.

 

OUTROS PILARES 

O projeto Aterro Zero não é a única iniciativa sustentável da área de Segurança e Meio Ambiente da Organon Brasil. O gerente conta que estabelecer projetos de preservação ambiental é fundamental para a empresa. "Cuidar do meio ambiente é algo muito importante para toda a nossa operação na Organon, nossas estratégias e indicadores. Essa postura é bastante cobrada, inclusive por nossos funcionários", garante. 

A farmacêutica iniciou a implementação de uma usina de energia solar no seu terreno que, quando finalizada, deverá suprir até 20% da necessidade energética da empresa com a produção de uma energia limpa vinda dos painéis solares. Assim, a empresa aumenta seus esforços em direção à redução de emissões de carbono na atmosfera. Também há projetos para o reúso de água, alguns já implementados e outros ainda na fase de estudos. "Já usamos água que descartaríamos para propósito de resfriamentos, por exemplo. Cerca de 15% da água que seria descartada é reutilizada", assinala Leonardo. A empresa já mapeou um potencial maior para o reúso e visa aumentar essa porcentagem citada pelo gerente a partir de iniciativas futuras. 

Uma vez que a Organon está situada em uma área repleta de mata nativa, outro plano de sustentabilidade da empresa foi destinado à recuperação vegetal da região. "Nesses processos compensatórios que buscamos fazer, plantamos espécies nativas em volta da nossa fábrica", informa Leonardo. Ao todo, somando dois plantios, a farmacêutica plantou cerca de 900 mudas. "Dentro do tema da biodiversidade, temos a visão de sempre estarmos investindo na recuperação de áreas degradadas, dentro ou fora do nosso terreno, vendo o que deve nortear as nossas estratégias". 

 

ENVOLVENDO A SOCIEDADE

Um dos projetos de sustentabilidade da Organon é de educação ambiental destinado para o público externo, com foco principalmente nas crianças. A farmacêutica organiza eventos dentro do seu espaço para mostrar o funcionamento das suas políticas de sustentabilidade. "Cada vez mais vamos nessa direção de falar com a comunidade ao nosso redor, fazendo ações de impacto para fora dos nossos muros", pontua Leonardo. 

Umas das iniciativas, chamada de Portas Abertas, traz grupos de crianças para conhecerem a fábrica e entenderem cada um dos processos que tornam aspectos do seu funcionamento mais sustentável. O gerente sênior de Segurança e Meio Ambiente explica como tem sido a implementação. "A primeira ação foi feita trazendo filhos de funcionários, mas também já estamos planejando excursões, fazendo esse mesmo trabalho, junto com escolas infantis aqui da região de Sousas. É um dia de educação ambiental dentro da fábrica. A gente apresenta os nossos processos, explicamos o que é reciclagem e fazemos uma oficina de reciclagem com as crianças. Queremos mostrar para elas, dentro da realidade da fábrica, como dá para implementar todos esses processos".

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