Os benefícios inesperados de tomar antibióticos

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A penicilina foi descoberta há 90 anos – e apesar da resistência, o futuro parece positivo no campo dos antibióticos (Shutterstock)

A descoberta de antibióticos, na década de 1920, contribuiu para as pessoas terem vidas mais longas e saudáveis, e agora eles têm sido mais usados do que nunca. A principal razão pela qual esses medicamentos prescritos é a eliminação de bactérias infecciosas , e é preciso tomá-los até que a infecção seja eliminada por completo. Mas, apesar de ser usado há décadas, sabemos muito pouco sobre como os antibióticos afetam o corpo além da sua principal função.

O uso de antibióticos é particularmente importante nos países mais pobres, onde as pessoas morrem todos os dias de infecções que podem ser evitadas. Nesses países, o medicamento pode ser administrado antes que as pessoas adoeçam e tomado a longo prazo para prevenir doenças. Doses protetoras de antibióticos foram testadas em crianças com HIV, desnutrição ou apenas alto risco de infecção, apresentando claros benefícios para a saúde em algumas condições e sem melhoras, em outras.

Ao mesmo tempo, o uso global excessivo do remédio está impulsionando a resistência antimicrobiana, o que significa que ele não consegue mais eliminar as infecções comuns. Isso nos deixa com um dilema: como equilibrar a necessidade de proteger populações vulneráveis ​​agora com a ameaça de infecções se tornarem mais difíceis de serem tratadas no futuro?

Tomar melhores decisões sobre o uso de antibióticos dependerá de uma melhor compreensão do que eles fazem. Pesquisas mostram que alguns produtos fazem mais do que apenas matar bactérias – e esses “efeitos colaterais” talvez estejam sendo subestimados, na Saúde.

Benefícios inesperados
Mais de seis décadas atrás, os pesquisadores notaram que certos antibióticos tinham efeitos benéficos que não eram explicados somente pela eliminação de bactérias. Quando um dos primeiros remédios, o prontosil, foi adicionado ao sangue, esse tornou as células imunológicas mais eficazes em matar as bactérias. Camundongos tratados com trimetoprim antes de um transplante de pele mantiveram a pele nova por mais tempo do que os camundongos que não foram tratados, e mantiveram por quase tanto tempo quanto os ratos que haviam sido tratados com azatioprina, uma droga que suprime a rejeição do enxerto pelas células do sistema imunológico. Estas experiências sugerem que os antibióticos podem afetar o sistema imunológico.

E, recentemente, uma revisão de 10 ensaios clínicos de uso de antibióticos orais mostrou que o tratamento com antibióticos promoveu o crescimento infantil; também foi observado tal benefício de crescimento em animais de fazenda que foram tratados com a droga.

Não é totalmente compreendido como esses inesperados benefícios para a saúde funcionam, mas eles podem explicar por que os antibióticos continuam a ter benefícios para a saúde, em geral, apesar da resistência antimicrobiana.

Existem efeitos colaterais nocivos?
Entretanto, nem todos os efeitos colaterais dos antibióticos são benéficos. Na última década, nos tornamos mais conscientes das características dos microrganismos que vivem em nossos corpos que melhoram a saúde – o microbioma. Por exemplo, um microbioma intestinal diverso e estável é necessário para a digestão e proteção contra infecções intestinais. Alterar o microbioma com antibióticos pode ser útil, como no caso do HIV, mas também pode ser prejudicial.

Pesquisas com animais mostram que os antibióticos aumentam o risco de ganho de peso e de síndromes metabólicas. Esses efeitos são mais duradouros quando os antibióticos são administrados em animais jovens, que ainda estão crescendo e se desenvolvendo.

No caso do câncer, uma forte resposta imunológica é necessária para combater tumores. Remover bactérias intestinais com antibióticos pode prejudicar esse processo.

Já que as mudanças no microbioma afetam o funcionamento do cérebro, os pesquisadores têm procurado ligações potenciais entre o tratamento com antibióticos e a saúde mental. Um estudo examinou registros médicos de centenas de milhares de pacientes no Reino Unido e descobriu que o uso de antibióticos estava associado a um risco maior de desenvolver depressão. Mais pesquisas são necessárias para entender como isso acontece.

Claire D Bourke
The Independent

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