Novo Nordisk optou por não renovar seu contrato para fornecer insulina em canetas ao país africano
by Luiz Anversa | Exame
A adesão ao uso do Ozempic e Wegovy já está causando problemas de saúde pública em alguns lugares do mundo. O sistema de saúde África do Sul, por exemplo, ficou sem canetas de insulina neste ano, em um momento no qual a indústria farmacêutica muda as prioridades de produção para medicamentos que promovem a perda de peso.
Segundo reportagem do New York Times, a Novo Nordisk, empresa que fornece insulina humana em canetas à África do Sul há uma década, optou por não renovar o seu contrato, que expirou no mês passado. Até o momento, nenhuma outra empresa apresentou proposta para fornecer as 14 milhões de canetas necessárias durante os próximos três anos.
Os medicamentos Ozempic e Wegovy da Novo Nordisk, amplamente prescritos nos EUA para perda de peso, são vendidos em canetas descartáveis produzidas por muitos dos mesmos fabricantes que fazem as canetas multidose de insulina.
“As atuais limitações da capacidade de produção significam que os pacientes em alguns países, incluindo a África do Sul, podem ter acesso limitado às nossas insulinas em canetas”, disse Ambre James-Brown, porta-voz da Novo Nordisk.
'Febre' no mundo todo
A Novo Nordisk domina o mercado global de insulina em canetas e fornece à África do Sul desde 2014. A Eli Lilly, o outro grande produtor, indicou que está tentando, nos últimos meses, acompanhar a procura significativa do seu medicamento para perda de peso, o Zepbound.
A Novo Nordisk continua a fornecer insulina humana em frascos para a África do Sul, onde mais de 4 milhões de pessoas vivem com diabetes. Mas as canetas são consideradas muito mais práticas e precisas. A empresa começou a fabricá-las em 1985 e, de lá para cá, se tornaram o padrão de tratamento para diabéticos tipo 1 nos países industrializados. São usadas também por pessoas ricas em países de baixa renda.
A África do Sul é uma raridade entre os países com poucos recursos, sendo o único que, até agora, forneceu canetas de insulina ao serviço público de saúde.
Comentários